Jornal Estado de Minas

Rodovia fechada causa prejuízos também ao comércio

Ernesto Braga

A passarela construída pelo Exército ao lado da abalada ponte no Rio das Velhas, no km 454 da BR-381, limite de Belo Horizonte e Sabará, facilitou o deslocamento dos moradores dos bairros da cidade da região metropolitana
Mas comerciantes às margens da rodovia federal, que ficaram “ilhados” com a interdição do trecho, lamentam os prejuízosDono de uma churrascaria no Bairro Borges, Nilton Sérgio de Miranda, de 35 anos, prevê a redução de 90% nas vendas de 100 refeições diárias“Não terei outra soluçãoDos 21 funcionários do restaurante, restarão apenas cinco ou seisSe a nova ponte ficasse pronta em dois meses, poderia dar férias coletivasMas, por seis meses, não tenho como bancar”, disse

Por se tratar de obra emergencial, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem prazo de seis meses para construir a nova ponteDono de uma casa de produtos agroveterinários há 18 anos no Bairro Borges, Fernando Marquete, de 55, também está preocupado com o futuro“Nosso movimento está praticamente zeroAlém de perdermos clientela, como nossas lojas serão abastecidas?”, questionou
Segundo ele, comerciantes e moradores vão se reunir hoje para definir quais providências vão cobrar, em encontro que também deve contar com representante do Dnit“Eles precisam resolver o problema em menos tempoNão descartamos fazer manifestações na porta do departamento, em Belo Horizonte”, disse

O vendedor Flávio Pimenta, de 55, mora há 30 anos perto do trecho interditado“O Dnit nunca fez vistoria na ponte depois que ela passou por reformas, há cinco anosMelhoraram o pavimento, mas não reforçaram a estruturaEu e minha família teremos que passar por Santa Luzia para trabalhar em BH, enfrentando congestionamentos diários”, lamentouO motorista Adivan Tadeu, de 41, outro morador do Borges, não conseguiu tirar seu caminhão da garagem nessa segunda-feira para trabalhar“Terei que dar a volta por Ouro Preto para chegar à capitalÉ uma situação lamentável.”

Baldeação

Com a liberação da passarela de pedestres feita pelo Exército, os moradores do Borges, Borba Gato e outros bairros de Sabará estão fazendo baldeação nas linhas de ônibus que levam a BH sem precisar dar a volta por Santa Luzia, também na região metropolitana
Os passageiros descem dos ônibus em uma das margens do Rio das Velhas e o atravessam para embarcar em veículos das linhas 4920 (Borba Gato/BH) e 4900 (Borba Gato/Cidade Industrial)Um alívio para o casal César Severino, de 35, e Adriana Santana, de 32nessa segunda-feira eles tiveram que levar o filho Adrian, de 1 ano e 9 meses, a consulta médica na capital“Na ponte interditada, não tenho coragem de passarSe não fosse a passarela, não conseguiríamos chegar a BH por causa do congestionamento na BR-381”, disse César

Funcionária de uma casa lotérica no Borba Gato, Geralda Barbosa, de 52, tem que driblar o medo todos os dias para cruzar a passagem de pedestres“Tenho pânico da proximidade com a águaMas meu medo maior é de a ponte cair com a gente.” Militares do Exército ficam de prontidão nas duas pontas da passarela para dar segurançaO tenente Ricardo Otávio Ribeiro, do 4º Batalhão de Engenharia de Combate (BE CMB) de Itajubá, no Sul de Minas, que comanda a tropa, disse que a movimentação começa às 4h30, quando as primeiras pessoas vão para o trabalho“Ainda não tivemos problemas, apenas um ou outro que fica pulando no meio da passadeira.” Muitas pessoas continuam ignorando a interdição da ponte no Rio das Velhas e passando por ela, mesmo com a plataforma estando cheia de buracos causados por ferrugem(EB)