Jornal Estado de Minas

Ponte interditada leva caos a Santa Luzia

Com desvio do tráfego da BR-381 para as ruas da cidade, moradores de Santa Luzia sofrem com o transtorno de veículos pesados. Exército adia avaliação para instalar ponte provisória

Thobias Almeida

Grande parte da população de Santa Luzia, na Grande BH, sofre com os transtornos causados pelo tráfego pesado na cidade, depois da interdição, há uma semana, da ponte no Rio das Velhas, no km 454 da BR-381
Dia e noite, carretas, caminhões, ônibus e carros de passeio causam um barulho incessante, levantam poeira, corroem o asfalto das vias urbanas, prejudicam a mobilidade dos moradores, abalam construções e afetam pontos comerciaisA situação, que já é caótica, pode ficar pior com a decisão da Prefeitura de BH de manter a Festa do Trabalhador, domingo, na Via 240, no Bairro Aarão Reis, Região Norte da capital, um dos acessos à MG-020, que leva a Santa LuziaO Exército adiou para hoje avaliação na BR-381 para instalação de ponte provisória

A Via 240 se tornou o principal caminho para os veículos que usam o desvio de Santa Luzia, mas autoridades das duas cidades acreditam que a alteração não prejudicará o que já é insustentávelNessa quarta-feira, sem a presença dos milhares de veículos e pessoas que vão até a comemoração, o trânsito na região já estava carregadoO secretário de Segurança Pública e Transportes de Santa Luzia, coronel Ronildo José dos Santos, diz não ter sido procurado pela Prefeitura de BH para discutir a medida“Não acredito que nos afetaráSão seis quilômetros até a nossa cidadeAlém disso, estaremos monitorando e, se detectarmos qualquer problema, temos como desviar o fluxo”, afirma

Em nota, a BHTrans informa que os desvios serão sinalizados com faixas para orientação dos condutores, e agentes de trânsito vão monitorar e fiscalizar o tráfego
Segundo a empresa, 19 linhas de ônibus da Estação São Gabriel e linhas do DER terão seus itinerários alteradosA funcionária pública Marcônia da Costa, de 44 anos, do Bairro Boa Esperança, em Santa Luzia, não concorda com essas avaliaçõesAlém de ter de suportar o congestionamento, as idas e vindas à capital ficarão mais longas“Vou ter de passar pelo Bairro São Benedito, o que aumenta o trajeto entre 15 e 20 quilômetros.”

Caos geral

Pelas estreitas ruas de Santa Luzia, que hoje absorvem grande parte do fluxo da BR-381, há muitas reclamaçõesOs problemas batem à porta de Djalma Vieira Dias, de 69 anos, na Rua Baldim, no Bairro da Ponte: “O carro nem sai da garagem maisO barulho me faz acordar às 4hO estresse já subiu”, afirma, em meio ao movimento de caminhões e carrosA filha, Cláudia Márcia Vieira, de 41 anos, engrossa a lista de reclamações: “Não conseguimos assistir a televisão ou falar ao telefone, é muito barulho”, explicaCom a mistura de fuligem e poeira no ar, a loja de roupas da filha e o bar do pai estão fechados dois dias

Na casa do motorista José Wilson dos Reis, de 42 anos, no Conjunto Morada do Rio, surgiram as primeiras trincas no teto da cozinha
“É barulho o dia todo, poeira e dificuldade de nos locomovermos na cidade”, afirmaSegundo ele, os filhos já apresentam problemas respiratórios devido ao ar poluídoA Escola Estadual Altair de Almeida Viana, na Rua Baldim, no Bairro Rio das Velhas, pediu ajuda da Polícia Militar para auxiliar a entrada e saída dos 750 alunos em três turnos de aulasA orientadora Uiara Vaz Penna diz que mais medidas serão necessárias“Precisaremos de um quebra-molas, placas de sinalização e mais policiamentoTemos ainda alertado os pais para que não deixem os filhos virem sozinhos para as aulas”, conta a orientadora

Os lojistas também sofrem com a nova rotinaNa Rua do Comércio, tradicional ponto de compras de Santa Luzia, não há mais vagas de estacionamento e caminhões causam problemas“Na segunda-feira, uma carreta cortou o fio de telefone que chega à minha loja”, diz Humberto Faria, dono de uma agroveterináriaOutras duas lojas também ficaram sem a comunicaçãoAté a tarde dessa quarta-feira, o fio não havia sido trocado

A Prefeitura de Santa Luzia tenta amenizar os problemas, apesar de reconhecer as limitaçõesNessa quarta-feira equipes municipais estreitavam a entrada para a chamada Ponte Velha, um dos pontos de ligação entre a Rua do Comércio e o Centro Histórico, pois caminhões estavam ignorando as placas e pondo em risco obras de arte“Deixaremos uma passagem de 2,6 metros de largura, o que impedirá o tráfego de caminhõesEsta ponte foi condenada há muito tempo para o tráfego pesado”, explica o superintende de Trânsito e Transporte, Schneider Carvalho.