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Estado de Minas

Praça da Estação: consumidores de maconha e crack comprometem segurança do conjunto


postado em 01/05/2011 07:28

O relógio marcava 19h de uma quarta-feira e o movimento na Praça Rui Barbosa (da Estação), na parte de jardins e estátuas, era grande. Sem se importar com a presença das pessoas, L.E., de 19 anos, preparava um cigarro de maconha. Não havia policiais militares ou guardas municipais por perto. “Aqui é tranquilo, a gente só não pode testar a fé das autoridades, fazendo isso na frente deles”, ironiza o usuário. Ele afirma que o consumo de drogas é comum em outros pontos. “Debaixo do Viaduto Santa Tereza ficam os que gostam de crack.”

Segundo relatos da comunidade em torno da Praça da Estação, a droga é consumida em vários pontos, o dia inteiro. Levada à discussão no Conselho Municipal de Segurança Pública do 1º Batalhão da Polícia Militar, a situação só melhorou com a reabertura do Parque Municipal, no início do mês. “Tem grito, briga e tudo que se possa imaginar. Parei de levar meu neto para brincar na praça. Depois da reforma (em 2007), ali era um lugar tranquilo, mas voltou a ficar perigoso. Também há pessoas que tomam banho e lavam roupas nas fontes. Nesses últimos meses, o ambiente piorou de tal forma que saiu do controle”, denuncia a síndica do Edifício Itatiaia, Célia Aparecida Monteiro, de 51 anos, que reivindica a instalação de um posto policial no lugar.

Trabalhando nos arredores da praça desde 1980, o empresário Antônio Eustáquio dos Santos, de 51, avalia a presença dos viciados como um retrocesso. “A praça é um lugar tão aprazível e essa situação não pode se instalar, pois causa um sentimento de insegurança e abandono. Será que, com tantas câmeras, a polícia não consegue ver isso? Há uma falha total no policiamento”, afirma Antônio Eustáquio, subsíndico do Edifício Central, explicando que os consumidores de drogas se misturam à população de rua.

O baiano Derivaldo Bispo dos Santos, de 23, conta sua rotina na praça: “O albergue oferece café da manhã e janta. Durante o dia, eu fico aqui tomando minha cachaça e fumando minha maconha. Às 11h, a gente toma banho na fonte. Mas aqui já está muito manjado, tem muita briga”, afirma.

O cenário destoa da guinada cultural em torno da Estação Central, que reúne tribos da gafieira ao soul. A última reforma, em 2007, que revitalizou os jardins da Praça Rui Barbosa e os integrou à esplanada, impulsionou essa característica. A força da cultura no reduto foi reforçada ainda com a Praia da Estação, movimento criado em oposição à proibição, em 2009, de eventos na praça. O grupo estimulou o uso do espaço público nos fins de semana, transformando a praça numa verdadeira praia. “Antigamente, aqui era complicado, mas depois que tamparam o (Ribeirão) Arrudas, tudo melhorou. Ficou excelente para encontrar os amigos”, disse o aposentado Antônio Pedro Martins, de 69, enquanto batia um papo descontraído com os companheiros Marcos Aloísio da Silva, de 54, e Américo Wolfgram, de 56.

As fontes da esplanada da Praça da Estação, em frente ao Museu de Artes e Ofícios, também atraem muitas pessoas, como os auditores Aguinaldo Martins, de 37, e Nilson Goulart, de 39, de São Paulo. O cobrador Ronaldo Mendes, de 39, tem o hábito de levar a família para passear na praça. A beleza do museu, no entanto, contrasta com os cães vadios que perambulam pelo local.


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