Desconfiados, e com receio de estarem sendo enganados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), frenquentadores do Mercado Distrital do Cruzeiro, na Região Centro-Sul da capital, ocuparam o complexo na manhã deste sábado, com manifestações artísticas para chamar a atenção de autoridades para a importância da revitalização do espaço. Na sexta-feira, o polêmico projeto de transformar o local em um grande centro comercial, com a construção, inclusive, de um hotel de luxo, foi suspenso pela PBH, sob a alegação de que o órgão quer estudar melhor as alternativas. Em partes, a decisão foi vista como a primeira vitória da comunidade e de comerciantes do local. Neste sábado, eles fizeram o movimento Feliz Invasão do Mercado, para cobrar da prefeitura a revitalização do ambiente.
“Estamos desconfiados com tudo isso. Não seria uma manobra para se fazer algo às escuras?”, questionou a presidente da Associação dos Cidadãos do Bairro Cruzeiro (Amoreiro), Patrícia Caristo, acrescentando que o jogo não está ganho. “Só vamos parar com as manifestações quando tivermos certeza do que será feito. Queremos que a PBH revitalize o mercado e garanta aos feirantes os seus direitos”, aponta.
Enquanto a feira das Mercadoras da Arte, feita mensalmente há oito anos, ocorria dentro do mercado, a houve também o movimento Feliz Invasão do Mercado – grupos de maracatu, pernas de pau, palhaços e malabaristas, que, com auto-falantes, chamavam a clientela a participar do abaixo-assinado para ação pública contra a PBH. A expetativa é reunir 5 mil assinaturas. “A decisão da prefeitura nos deixa com o pé atrás, porque, sempre que ela decide por algo do mercado, volta atrás quando menos se espera”, comentou a coordenadora das Mercadoras da Arte, Nádia Perini.
Tiro no pé
Também circulou pelo mercado o anúncio da audiência pública sobre o futuro do lugar , no dia 17, na Assembleia Legislativa. Mas há comerciantes contra os manifestos e que não consideram a decisão da PBH algo a se comemorar. “Isso foi uma grande derrota. O projeto era a oportunidade para o lugar crescer; Há informações erradas de que o local ia ser demolido, mas não ia. Estamos dando um tiro no pé” , defendeu a vice-presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado do Cruzeiro, Neusa Resende da Fonseca.