Diferentemente do conterrâneo preso na semana passada, que entrou no país com remessa recorde de 33 mil comprimidos da chamada “droga do amor”, o jovem de 26 anos não apresentava inquietação ou nervosismo na fila de desembarque internacional na tarde de domingoEm sua bagagem, fora os comprimidos de ecstasy, segunda maior apreensão na história do terminal, havia dois quilos de skank e 15 cartelas de LSD escondidos em um fundo-falso, coberto com placas de espuma e papel carbonoPara disfarçar, a roupa vinha por cimaO acusado não contava com as dicas da PF para análise da lista de passageiros: a forma de pagamento, a data de compra da passagem, o tempo de estada, a idade do viajante e a procedênciaA bagagem foi submetida ao
raio x e confirmou-se a suspeita
“Temos acesso às informações das companhias aéreas, por causa de um convênioObservamos as passagens compradas em dinheiro, a poucos dias do embarque, por jovens que ficam pouco tempo no destinoTambém é possível checar por quais aeroportos essas pessoas saem do país e por onde voltamTivemos uma tarde inteira de cursos com agentes da PF para descobrir os suspeitos, que têm praticamente o mesmo perfil”, explicou o inspetor-chefe da Receita Federal no aeroporto, Bernardo Costa Prates Santos.
Os presos de Florianópolis vieram de Bruxelas, na Bélgica, reforçando dados de investigações de que aquele país, ao lado da Holanda, é um dos grandes produtores de drogas sintéticas
PARA CONFUNDIR Assim como o primeiro jovem, de 20 anos, o que foi detido no domingo também saiu e entrou no Brasil por aeroportos diferentesPara o delegado, essa seria uma maneira de tentar confundir os investigadoresEm depoimento, o rapaz disse que foi convidado a participar do esquema numa rave, em FlorianópolisJá em Bruxelas, ele recebeu a mala de outro brasileiroO pagamento para trazer a droga seria de R$ 22 milOs policiais federais também vão levantar o histórico de viagens dos acusados, porque, segundo Zampier, os jovens com esse perfil costumam fazer do transporte de entorpecentes uma profissãoSegundo as investigações, como publicou o EM, o lucro fácil e o que recebem em droga atraem os “mulas”, que fazem contato de compra e venda pelas redes sociais e sites de relacionamento
A equipe da Receita Federal que identificou o suspeito foi a mesma que percebeu o nervosismo do outro jovem catarinense, na semana passadaEntre as agentes, duas estavam entre as mais interessadas nas palestras dos policiais civis sobre o perfil de risco para o tráfico internacional de drogasDe acordo com o inspetor chefe da Receita, os passageiros terão que ter paciência porque o trabalho de fiscalização será cada vez mais minucioso“Há cinco anos este era considerado um aeroporto calmoCom o aumento dos voos internacionais, sabemos que os traficantes estão testando a rotaE isso significa que precisamos de um trabalho efetivo nas vistorias de bagagem”, afirmou
Cães farejadores
Para aumentar a repressão e evitar a entrada de drogas sintéticas oriundas da Europa, a Receita Federal deve montar um canil no aeroporto de Confins até junhoAtualmente, dois cães da PF são requisitados eventualmente para farejar cargasO projeto, já aprovado, foi feito pela Divisão de Repressão a Contrabando e Descaminho
A ideia é que os cachorros treinados para identificar drogas possam ajudar no trabalho dos agentes durante o desembarque de passageirosAs unidades da Receita em São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória já têm canil“Usávamos os cães treinados para verificar cargas, mas, diante dessa nova demanda, será importante contar com farejadores para localizar entorpecentes nas bagagens”, contou o inspetor-chefe adjunto da Receita, João Roberto de Lima
Portaria publicada em janeiro de 2010 determina a criação de um Centro Nacional de Cães de Faro da Receita para suporte às operações de repressão em todos os aeroportos.