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Estado de Minas

Polícia suspeita que óxi já chegou a BH

Investigadores acreditam que droga, resultado da mistura de rejeitos do refino de cocaína com substâncias como água de bateria e querosene, já esteja sendo vendida na capital


postado em 13/05/2011 06:00 / atualizado em 13/05/2011 06:21

Usuários consomem droga à luz do dia na chamada cracolândia, perto da Pedreira Prado Lopes, onde policiais acreditam que o óxi já chegou(foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press 1/12/10)
Usuários consomem droga à luz do dia na chamada cracolândia, perto da Pedreira Prado Lopes, onde policiais acreditam que o óxi já chegou (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press 1/12/10)


A Polícia Civil de Minas já trabalha com a hipótese de a nova droga devastadora conhecida como óxi estar circulando em Belo Horizonte, principalmente na chamada cracolândia, nas imediações da Pedreira Prado Lopes, no Bairro São Cristóvão, Região Nordeste. Os laboratórios do Instituto de Criminalística, na capital, analisam amostras do que pode ser a primeira apreensão no estado, ocorrida esta semana, em Montes Claros, Norte de Minas.

A droga entrou no país pela Bolívia e se infiltrou por Roraima, Pará, Tocantins, Mato Grosso e São Paulo. Nessa quinta-feira, mais um estado, o Rio Grande do Sul, anunciou ter apreendido a substância pela primeira vez. Segundo especialista da Polícia Civil, o princípio ativo do óxi é o mesmo do crack, o cloridrato de cocaína e alcalóides, porém com efeito bem mais devastador. “A tonalidade do óxi é mais escura, como se fosse um doce de leite, mas a dependência química que ele provoca é inúmeras vezes mais forte do que a do crack. Especialistas afirmam que o consumo frequente pode levar um terço dos usuários à morte em um ano”, disse o policial, lembrando que a forma de consumo é a mesma que o crack, por inalação, usando cachimbos, normalmente improvisados.

De acordo com o policial, o óxi era comum na Colômbia e antes de chegar à Bolívia. “Eles aproveitam o ‘lixo’ da cocaína, que é a merla, e adicionam produtos químicos como cal virgem, solução de bateria de automóvel, que tem ácido clorídrico, além de querosene, gasolina e outros derivados do petróleo para processar”, acrescentou. “Dessa forma, conseguiram uma droga bem mais barata que o crack, com preço cinco vezes menor. Se a pedra de crack custa R$ 10, a do óxi custa R$ 2.”

Ainda de acordo com o policial, o óxi já vem sendo chamado de cocaína de pobre, mas usuários de maior poder aquisitivo também estariam migrando para essa a droga, como fizeram na época do surgimento do crack. “O usuário experimenta uma sensação de euforia. Para evitar depressão, o próprio organismo pede doses repetidas de óxi para suprir os hormônios do prazer, como dopamina e serotonina”, afirma o especialista. Para ele, se as autoridades não tomarem uma atitude enérgica, o consumo de óxi vai virar um grande problema de saúde pública. “Vai ser uma epidemia. Atrás disso, os índices de criminalidade vão aumentar”, acredita o especialista, lembrando que o nome óxi deve-se à reação química de oxi-redução, que é o processo de refino da droga.

O chefe do Departamento Antidrogas, delegado Marcelo Machado, informou que suas equipes estão atentas à possível chegada do óxi no estado e Belo Horizonte, assim como a Polícia Federal.


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