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Estado de Minas

Andarilhos saem do Centro e se espalham pela capital


postado em 17/05/2011 06:00 / atualizado em 17/05/2011 06:25

Por toda a cidade, população convive com moradores de rua(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - Arquivo)
Por toda a cidade, população convive com moradores de rua (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - Arquivo)

 

A expansão dos centros comerciais em regiões como a Pampulha, Barreiro e Venda Nova provocou a descentralização da população de rua de Belo Horizonte. Segundo a gerente de Promoção e Proteção Especial da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, Maria Bordin, nos últimos anos o problema deixou de ser observado apenas no Centro da cidade. "É comum observar muitos moradores de rua em outras regionais. Com o crescimento comercial, essas pessoas encontram muita movimentação e segurança, facilitando a sobrevivência. Podemos dizer que houve uma redistribuição dessa parcela da população nos últimos anos."

Moradora há 40 anos do Bairro Santa Amélia, na Pampulha, a professora aposentada Maura Terezinha dos Santos Madeira disse que a aglomeração de moradores de rua na Praça Iron Marra, onde oito andarilhos foram vítimas de tentativa de envenenamento, se agravou nos últimos seis meses. “Eles ficavam em um lote vago da Avenida Guarapari, mas vieram para a praça depois que o terreno foi cercado. Passam o dia todo bebendo. Só encontramos garrafas de bebida alcoólica pelo chão, nada de comida. Brigam muito entre si, mas não são violentos com a gente. Ninguém merece a covardia que fizeram com eles”, disse. “Os moradores de rua costuma dormir encostados na parede da padaria, onde fica o forno, aproveitando o calor e a marquise. Mas, quando a gente pede para saírem, fazem isso numa boa”, afirmou Matheus Henrique de Azevedo, gerente de uma panificadora.

Outro ponto de aglomeração de moradores de rua na Pampulha é a Praça Santo Antônio, no Bairro Jaraguá. “Eles sempre pedem coisas para a gente. Os insultos são comuns no grupo, mas eles não procuram confusão com comerciantes e moradores. A prefeitura costuma vir e recolher todos os pertences dessas pessoas, que são levadas para abrigos, mas elas acabam voltando”, disse uma comerciante, que está na praça há 10 anos, mas não quis se identificar.

triagem Antes de ser encaminhados aos abrigos, moradores de rua passam pelos centros de referência. São duas unidades, uma para crianças e adolescentes e a outra para adultos, onde podem guardar pertences, tomar banho e participar de oficinas. A capital conta com quatro unidades para receber essa parcela da população. Duas são destinadas apenas a pernoite e totalizam 550 vagas. São quartos com cama ou beliches, banheiros com chuveiro quente, refeitório, lavanderia, sala com televisão e auditório. Há ainda duas repúblicas, uma feminina e a outra masculina, com 40 vagas cada, gerenciadas pelos próprios moradores, além do abrigo Pompeia, na Região Leste, com 26 unidades habitacionais com sala, cozinha, quarto e banheiro para cada família retirada das ruas.

Alta após Tratamento

Natural de Belém (PA), Zeílson Maciel dos Santos, de 29 anos, que já foi auxiliar de limpeza e servente de pedreiro, foi o primeiro dos oito moradores de rua envenenados a receber alta, nessa segunda-feira. Ele contou que o grupo acordou por volta das 6h30 de domingo e que um dos integrantes viu uma garrafa jogada na grama. “Éramos 10 pessoas, nove homens e uma mulher. Apenas dois não beberam. Não podíamos imaginar que alguém tinha colocado veneno”, disse Zeílson, que começou a passar mal 10 minutos depois. Além dele, dois moradores de rua tiveram alta hospitalar nessa segunda-feira. Os demais seguem internados em observação, mas sem risco de morte.


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