“Sou o rei da loucura da loucura sou realeza. Com o samba na cintura, eu sou maluco beleza”. O refrão do samba-enredo da escola Liberdade Ainda que Tam Tam, cantando nesta quarta-feira por cerca de 3 mil pessoas na Praça Sete, expressa que os portadores de sofrimento mental não se importam de serem taxados de loucos, mas, antes de tudo, querem ser tratados com dignidade.
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BH é referência em saúde mentalPortadores de sofrimento mental comemoram avanços Barbacena abriga único manicômio judiciário do estadoPara o psiquiatra e membro da coordenação do Programa de Saúde Mental da Secretária Municipal de Saúde, Políbio de Campos, a reforma psiquiátrica que em 2011 completa 10 anos, é uma realidade na capital que virou referência nacional em saúde mental, mas destaca o importante papel dos próprios pacientes. “É um dos movimentos sociais mais ativos que temos e isso contribui muito para chegarmos nesse patamar. É uma luta organizada por eles também e isso é fundamental”, frisa.
Surtos
O ex-professor de História Rodrigo Alberto, de 44 anos, que já foi internado diversas vezes, considera válidas as iniciativas promovidas pelos portadores de distúrbios mentais, entretanto faz questão de destacar que não é a favor da extinção dos manicômios. Para ele, na hora do surto, só o hospital consegue cuidar devidamente do paciente. “Quando a gente entra em crise, fica fora de si, desnorteado mesmo. Pode agredir alguém ou mesmo matar. A família não dá conta não. Claro que a reforma psiquiátrica é importante, mas tem que ter hospital pra gente se tratar sim, principalmente nos momentos de surto”, reitera.
Há 15 anos em tratamento, Ivonete Silva, de 39 anos, sempre participa do desfile da Liberdade Ainda que Tam Tam e outras atividades em que pode exercer sua cidadania e acredita que essas ações ajudam a diminuir o preconceito. “Temos que colocar mesmo a cara na rua, sair desfilando pela cidade. Não é porque estamos tratando que não podemos fazer as coisas que todo mundo pode. Essa dia tem que ser comemorado e muito”, celebra.