Além de estarem sujeitos a não chegar ao fim da viagem, por causa da possibilidade de apreensão dos veículos, os passageiros do transporte clandestino correm outros riscos. “A manutenção não é feita regularmente e muitas vezes os motoristas nem têm carteira de habilitação na categoria adequada para conduzi-los. Não há nenhuma segurança para os passageiros”, ressalta Carlos Cateb, referência da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) para assuntos de trânsito.
A cabo Tatiana Nogueira, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, faz parte da Unidade Integrada de Trânsito, formada em parceria com a BHTrans e o DER-MG. Ela destaca que a maioria dos veículos usados para transporte clandestino tem péssimo estado de conservação. “Os pneus são carecas e alguns equipamentos obrigatórios, como extintores de incêndio, estão vazios. Isso potencializa o risco de acidentes e a consequência deles”, afirmou. Os problemas foram detectados na van abordada na semana passada, no Barro Preto, Centro-Sul de BH, dirigida por Denis Rosa da Costa.
Para Cateb, a fiscalização sobre os perueiros é ineficiente em Minas. “Há muita propaganda, mas, na prática, ninguém vê a atuação dos fiscais para barrar o transporte ilegal de passageiros. A fiscalização é mais eficaz em carros de passeio e motos”, afirmou. Na lista de veículos apreendidos pela BHTrans fazendo o transporte clandestino de pessoas há muitos de passeio. Morador do Bairro São Pedro, em Esmeraldas, na Grande BH, o guarda municipal da capital Cesarnael Pantaleão Moura, de 35 anos, prefere não arriscar a vida viajando com perueiros. “A gente nunca sabe se os motoristas da van são capacitados para isso e eles sempre dirigem falando ao telefone celular.”