Jornal Estado de Minas

Savassi apoia obra e critica planejamento

Comerciantes alegam perda de clientes com o trabalho de revitalização. Querem que serviço seja feito por módulos para reduzir transtornos, principalmente no trânsito

Pedro Rocha Franco

Rua Fernandes Tourinho com Rua Pernambuco: máquinas paradas e operários ausentes deixam lojistas preocupados com o prazo - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press. Brasil


Falta de planejamento em obra de revitalização transforma o coração da Savassi, área tradicional de Belo Horizonte, num mar de poeira e espanta clientes de lojas, bares e restaurantes, principalmente nos quatro quarteirões fechados há dois meses e ocupados por máquinas e operáriosComerciantes instalados no miolo da Praça Diogo de Vasconcelos, mesmo favoráveis ao projeto, dizem ter perdido até 70% da clientela desde março e criticam o cronograma de obras estabelecido pela prefeitura em parceria com a empreiteira, além de temer atrasosE, para piorar, o fechamento de dois quarteirões da Avenida Getúlio Vargas (sentido Serra), a partir de terça-feira, promete embaralhar o trânsito por dois mesesHoje, depois do horário de pico do almoço, e amanhã serão feitos testes que determinarão as devidas adequações

A prefeitura fechou três quarteirões sem saída (Antônio de Albuquerque e Pernambuco) e um quarto na Pernambuco, entre as avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas, disseminando os serviços em vez de concentrar forças em um de cada vezO que, para comerciantes, é um erro semelhante ao que ocorreu na reforma dos dois estádios da capital para a Copa’2014De uma só vez foram fechados Mineirão e Independência, obrigando os times da capital a jogar em Sete LagoasAlém disso, no caso da Savassi, durante dias consecutivos parte do canteiro de obras fica às moscas

Os comerciantes queriam que a prefeitura fizesse as intervenções por móduloOu seja, depois de encerrado o trabalho em um quarteirão, fosse fechado o seguinte e assim por diante, o que diminuiria os transtornos para quem trabalha e frequenta a região“Há uma semana que ninguém vem trabalhar neste quarteirão”, diz Júlio Bicalho, gerente de uma livraria na Rua Pernambuco, relatando que os operários e as máquinas estão concentrados nos outros três quarteirões
Enquanto isso, a freguesia some: “Quem vai sentar aqui para tomar uma cerveja ou um café?”, reclama, dizendo ter perdido 70% dos clientes

Comerciantes devem ter, na próxima semana, audiência com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) para tentar negociar uma solução para a obra“O pessoal é favorável à intervenção, mas não do jeito que está sendo executadaO serviço ganharia agilidade se fosse feito por módulos”, diz o lojista Marco Antônio MaiaEle afirma que nem mesmo água para diminuir a poeira a empreiteira joga, o que os obriga a ter um pano de chão na entrada do estabelecimento
“Estão afastando o público da SavassiAs vendas caíram pela metade e, pelo ritmo, a obra vai demorar mais de um ano Estão muito vagarosos”, critica Sebastião Bernardo de Abreu, dono de uma banca de jornais na Avenida Cristóvão Colombo, que, por causa das intervenções, teve de mudar de localização, perdendo visibilidadeO Estado de Minas entrou em contato com a prefeitura, que preferiu não comentar as críticas.


Análise da notícia


Não há como não dar razão aos comerciantes da Savassi, porque até mesmo um leigo em questão de trânsito sabe o que virá por aí com fechamento de pista na Avenida Getúlio VargasIsso sem falar nos meses de poeira e barulho

A ideia de tocar a obra por módulos poderia ser discutida e avaliada pelos técnicos da empreiteiraPode ser uma soluçãoE, independentemente da forma como for conduzido o trabalho, o cronograma deve ser seguido à riscaÉ uma intervenção desejada, mas não pode se transformar em dor de cabeça para uma região de passagem e de comércio fiorte(Arnaldo Viana)