Jornal Estado de Minas

Noventa dias após tragédia em Bandeira do Sul, polícia ainda não concluiu laudo

Ernesto Braga
Passados três meses da morte de 16 pessoas em Bandeira do Sul, no Sul de Minas, eletrocutadas por fio de alta tensão que se rompeu e caiu sobre foliões de uma festa pré-carnavalesca, parentes das vítimas e moradores continuam sem uma resposta sobre o que causou a tragédia
A Delegacia Regional de Poços de Caldas informa que o inquérito policial não foi concluído e não passa informações nem para a prefeitura do município onde houve o acidente, segundo o vice-prefeito João Fonseca (PP)A suspeita é de que o cabo de energia tenha se rompido depois de atingido pela serpentina metalizada de um rojãoDe concreto, apenas a promessa do governo do estado de trocar toda a rede elétrica da pequena cidade de pouco mais de 5 mil habitantes, o que ainda não tem data para começarPorém, não há ainda deliberações sobre possível indenização às famílias e aos sobreviventes.

Em 27 de fevereiro, cerca de 3 mil pessoas participavam da festa embalada por um trio elétrico, quando o fio caiu sobre a multidãoMuitos foliões estavam molhados, o que propagou o choqueOs 16 mortos tinham entre 13 e 24 anosQuinze morreram no dia da tragédia e Ramon Ambrogi, de 18, morreu uma semana depois, no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em Belo HorizontePelo menos 50 ficaram feridosDe acordo com a Polícia Civil, o inquérito está em fase de conclusão e as informações sobre a investigação, inclusive o laudo pericial que confirmaria se a causa foi a serpentina metalizada, só serão passadas ao final do trabalhoO prazo de 30 dias foi prorrogado por mais 60 e termina neste sábado.

João Fonseca, primo de Ramon Ambrogi, uma das vítimas, disse que a prefeitura foi informada pela Delegacia Regional de Poços de Caldas de que o inquérito já foi concluído
“Mandamos uma assessora jurídica à delegacia buscar informações sobre o laudo e toda a investigação, mas disseram a ela que corre em segredo de Justiça”, afirmou o vice-prefeito de Bandeira do SulSegundo ele, parentes dos mortos e feridos na tragédia cobram a resposta.

REDE RURAL O vice-prefeito disse que o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) esteve no Sul de Minas há 15 dias, inaugurando obras, e foi a Bandeira do Sul“Ele prometeu ao prefeito (José dos Santos, também do PP) que a Cemig vai trocar toda a rede elétricaAntes do acidente, a empresa havia atestado que nossa rede é rural”, afirmouA Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais fez duas audiências públicas sobre a tragédia e constatou que a fiação local tem mais de 40 anos“Supõe-se que a serpentina tenha causado o curtoMas especialistas de universidades que procuramos afirmam que houve falha na rede, que deveria ter sido desarmada em dois segundo, mas permaneceu energizadaA população ainda está muito chocada e se assusta com qualquer barulho de fogos de artifício”, disse João Fonseca.