Passados três meses da morte de 16 pessoas em Bandeira do Sul, no Sul de Minas, eletrocutadas por fio de alta tensão que se rompeu e caiu sobre foliões de uma festa pré-carnavalesca, parentes das vítimas e moradores continuam sem uma resposta sobre o que causou a tragédia. A Delegacia Regional de Poços de Caldas informa que o inquérito policial não foi concluído e não passa informações nem para a prefeitura do município onde houve o acidente, segundo o vice-prefeito João Fonseca (PP). A suspeita é de que o cabo de energia tenha se rompido depois de atingido pela serpentina metalizada de um rojão. De concreto, apenas a promessa do governo do estado de trocar toda a rede elétrica da pequena cidade de pouco mais de 5 mil habitantes, o que ainda não tem data para começar. Porém, não há ainda deliberações sobre possível indenização às famílias e aos sobreviventes.
João Fonseca, primo de Ramon Ambrogi, uma das vítimas, disse que a prefeitura foi informada pela Delegacia Regional de Poços de Caldas de que o inquérito já foi concluído. “Mandamos uma assessora jurídica à delegacia buscar informações sobre o laudo e toda a investigação, mas disseram a ela que corre em segredo de Justiça”, afirmou o vice-prefeito de Bandeira do Sul. Segundo ele, parentes dos mortos e feridos na tragédia cobram a resposta.
REDE RURAL O vice-prefeito disse que o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) esteve no Sul de Minas há 15 dias, inaugurando obras, e foi a Bandeira do Sul. “Ele prometeu ao prefeito (José dos Santos, também do PP) que a Cemig vai trocar toda a rede elétrica. Antes do acidente, a empresa havia atestado que nossa rede é rural”, afirmou. A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais fez duas audiências públicas sobre a tragédia e constatou que a fiação local tem mais de 40 anos. “Supõe-se que a serpentina tenha causado o curto. Mas especialistas de universidades que procuramos afirmam que houve falha na rede, que deveria ter sido desarmada em dois segundo, mas permaneceu energizada. A população ainda está muito chocada e se assusta com qualquer barulho de fogos de artifício”, disse João Fonseca.