Entre Rios de Minas - A tragédia que, até o começou da noite de quarta-feira, deixou três mortos e pelo menos 30 feridos, no choque entre um trem e um ônibus escolar, numa estrada de ferro na zona rural de Entre Rios de Minas, na Região Central, foi resultado de uma série de errosA começar pela desatenção do maquinista Gilberto Leal Oliveira, de 39 anos, e do motorista Antônio Geraldo de Assis Moura, de 50, um dos que não sobreviveram ao choqueO primeiro conduzia uma locomotiva da MRS Logística, atrelada a outras seis máquinas, com os faróis desligados, sob intensa neblina, segundo testemunhas, e não apitou ao se aproximar do cruzamentoO segundo, ao volante de um veículo, com capacidade para 36 passageiros, mas com cerca de 50 pessoas a bordo sem cinco de segurança, tentou ultrapassar a linha férrea sem olhar dos ladosO laudo da perícia que vai apurar responsabilidades deve ficar pronto em 30 dias.
O dia ainda clareava (6h37) e a visibilidade era ruimO ônibus da Prefeitura de Entre Rios de Minas transportava alunos de duas escolas, uma municipal e outra estadual, e crianças de uma unidade especial de ensino para excepcionais, que são acompanhadas pelos pais, e também moradores de comunidades rurais que costumam pegar carona para o Bairro Castro, a quilômetros do Centro da cidadeO que parecia ser mais um dia como todos os outros na rotina daquelas pessoas foi interrompido pelo choque em uma travessia de linha férrea sem cancela ou sinalização sonoraMorreram no local Leiva Fonseca Coelho, de 35 anos, e Katiele Gonçalves Fonseca Viana, de 16O motorista morreu à tarde, no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, em Belo Horizonte, onde estava internado com outras 11 vítimas do acidente.
A maioria dos passageiros era da localidade de Brumadinho, que tem 200 moradoresLeiva Fonseca Coelho era era uma delesEla viajava com os filhos Vivian Rezende Coelho, de 9, e Diego, que foram levados de helicóptero para o HPS com várias fraturas
A dona de casa Graceli Tereza Alvarenga Ribeiro, de 20, levava a filha de 1 ano e 10 meses para a Apae e conta que tudo foi muito rápido"Havia muita neblina e o ônibus estava cheioO motorista se aproximou da linha do trem e simplesmente entrou, sem olhar para os lados, e a locomotiva vinha com o farol apagadoNão buzinou e não fez barulho nenhum", disse Graceli, no hospital da cidade, onde foi socorrida"Todos foram apanhados de surpresaQuando o ônibus começou a ultrapassar a linha, a locomotiva já estava pertoA gente gritou para o motorista, ele olhou, mas o trem havia batido no meio do ônibus", acrescentou.
DENÚNCIAS
O veículo escolar foi arrastado por 50 metros, bateu num barranco e tombou (veja arte)O maquinista só conseguiu parar 400 metros adiante
Graceli denuncia que a estrada de terra às margens da linha pela qual o ônibus circula é para passagem de funcionários da ferrovia ligados à manutenção de máquinas, e não para transporte de veículos, mas é o único acesso ao lugar onde mora"Todos já reclamaram da prefeitura que ali não é lugar de atravessar com meninos." Já houve até abaixo-assinadoO promotor Carlos Eugênio Souto Maior Filizzola Júnior, que atende Entre Rio e outras três cidades vizinhas, conta que constantemente recebe denúncias de pais de alunos indignados com a longa distância que os filhos andam até o ponto de ônibus na zona rural." A frota é reduzida e há um roteiro para atender o maior número possível de estudantes“Vou espera o resultado da perícia para apurar as responsabilidades", disse o representante do Ministério Público, lembrando que a Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar o acidente.
Erros
Desatenção do maquinista
Imprudência do motorista
Locomotiva com faróis apagados
Trem chega à travessia sem apito de alerta
Ônibus superlotado
Falta de cinto de segurança para passageiros do coletivo
Travessia sem cancela e sinalização sonora ou luminosa