O projeto de construção da nova catedral metropolitana de Belo Horizonte, apresentado ontem com exclusividade pelo Estado de Minas, anima os católicos e cria as melhores expectativas na Região Norte da cidade, principalmente no Bairro Juliana, escolhido para receber o templo, de nome Cristo Rei, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, de 103 anos. Morador de um conjunto residencial ao lado do terreno de 22 mil metros quadrados de propriedade da arquidiocese, na Avenida Cristiano Machado, o coordenador de segurança Vinícius Claret Andrade de Freitas, de 29 anos, casado, acredita numa grande valorização da área, que já foi bem carente de recursos e começa a receber grandes empreendimentos. “Já temos a estação de metrô, um shopping em construção, a Linha Verde, a Cidade Administrativa e agora a Catedral Cristo Rei. Isso é muito bom”, disse Vinícius, certo de que, além dos investimentos, a obra grandiosa vai atrair muitos turistas.
Da sua casa no Bairro Floramar, na mesma região, o metalúrgico Júlio César Batista Silva, de 37, pode ver o terreno com um declive de 10 metros que, no passado, era a Fazenda dos Carneiros. “Conheço tudo aqui desde menino e considero de grande importância a construção da catedral metropolitana nesta região. É benefício”, disse Júlio César, ontem à tarde, enquanto se distraía com o filho Gustavo nas brincadeiras com um papagaio de papel. Para e ele e outros moradores, é fundamental que as autoridades despoluam o córrego que passa ao lado do terreno e, mesmo atraente para as garças, exala um mau cheiro constante e perto do insuportável.
Olhando a reportagem do EM, Paul disse que achou bonito o projeto, embora com uma ressalva: “Niemeyer tem um ponto negativo, que é ser ateu, mas outro bem positivo, que é ser gênio. Tenho certeza de que Deus vai providenciar o dinheiro para a execução do projeto”. Ao lado, a aposentada Marisa Alberto de Souza destacou a concepção arquitetônica como “arte”. Na companhia da sobrinha Jeniffer, no adro da catedral, a educadora infantil Cremilda Alves Lopes, residente em Contagem, na Grande BH, destacou o valor da religião na vida das pessoas e vê o empreendimento como grande chamado para os jovens.
LANÇAMENTO
No sábado, às 14h30, durante missa festiva no ginásio do Mineirinho, na Pampulha, dom Walmor fará o lançamento oficial do projeto da construção que terá capacidade para 5 mil pessoas sentadas e poderá receber, em dia de grandes celebrações, até 20 mil fiéis. A construção é um sonho dos mineiros desde a criação da arquidiocese por dom Antônio dos Santos Cabral, o dom Cabral (1884-1967), primeiro chefe da Cúria de BH. De acordo com informações da arquidiocese, a Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, que vem funcionando em caráter provisório, continuará como Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua.
Para captação dos recursos, a arquidiocese vai lançar, no sábado, no Mineirinho, a campanha “Faço parte”, quando os católicos presentes à missa poderão dar a sua contribuição financeira. Já em 22 de agosto, será a vez do empresariado mineiro tomar conhecimento da importância do projeto e responder com apoio. O nome de cada um ficará eternizado, pois no prédio haverá a Galeria da Gratidão, registrando os patrocinadores da empreitada, e o Livro de Ouro Digital com a relação de todos os colaboradores. Niemeyer concebeu para a construção de 40 mil metros quadrados, duas colunas com 100 metros de altura sobre um espelho d’água, campanário de 40 metros de altura, com sete sinos, e uma cruz de 20 metros, todos na cor branca.
Segundo dom Walmor, a catedral é o lugar no qual o bispo exerce a missão de governar, ensinar e santificar. E ele espera que, além de um centro de espiritualidade, da mística, das cerimônias religiosas e confraternização, a Cristo Rei seja um polo de educação, cultura e promoção social para uma região onde vivem cerca de 1 milhão de habitantes.