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Estado de Minas

Arquidiocese de BH completa 90 anos de história

Uma trajetória de fé que passa pela criação da Diocese nos anos 1920, por um projeto de templo gigante e chega à nova catedral


02/07/2011 06:00 - atualizado 02/07/2011 10:01

Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem
Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

Semente plantada na década de 1920 pelo então bispo de Belo Horizonte, Antônio dos Santos Cabral, o dom Cabral (1884-1967), começa a germinar neste sábado seu mais expressivo fruto, com o lançamento do projeto de construção da Catedral Cristo Rei. Às 14h30, no ginásio do Mineirinho, na Pampulha, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo apresentará aos fiéis a concepção arquitetônica produzida por Oscar Niemeyer, de 103 anos, do templo católico que será erguido no Bairro Juliana, na Região Norte da capital. A obra simboliza a concretização de um velho sonho dos católicos e traz à tona a história da diocese e do traçado original da catedral, bem diferente das linhas arrojadas idealizadas pelo mestre do modernismo.

O desejo de dom Cabral de erguer um grandioso templo em Belo Horizonte nasceu em 1921 com a criação, pelo papa Bento XV, da Diocese de BH, à época vinculada à Arquidiocese de Mariana. Desde esse período, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, localizada em quarteirão central da cidade, entre as ruas Sergipe, Alagoas, Aimorés e Timbiras, cumpre provisoriamente o papel de catedral – expressão do latim ecclesia cathedralise, que designa a igreja detentora da cátedra oficial do bispo. É de lá que, simbolicamente, ele exerce a tríplice missão de pastorear, santificar e ensinar.

A Boa Viagem que os mineiros conhecem hoje começou a ser erguida em 1912, para substituir a antiga matriz construída entre 1788 e 1793 no então Curral del Rei. A velha edificação, em estilo colonial, foi considerada inadequada para os padrões modernos pela Comissão Construtora da Nova Capital. Naqueles anos, o grupo coordenado pelo engenheiro Aarão Reis definiu a construção de um templo no alto do Cruzeiro, hoje Praça Milton Campos. “Mas esse projeto encontrou resistência da população e do bispo de Mariana, por isso ficou só no papel”, explica a coordenadora do Inventário do Patrimônio Cultural da Arquidiocese de BH, Mônica Eustáquio Fonseca.

 Largo da Matriz de Boa Viagem, quando a cidade era o Arraial do Curral Del Rey
Largo da Matriz de Boa Viagem, quando a cidade era o Arraial do Curral Del Rey (foto: Museu Abílio Barreto)


Apenas em 1911 houve um acordo autorizando a demolição da antiga matriz e as obras do futuro templo começaram no ano seguinte. A inauguração da Boa Viagem estava prevista para 7 de setembro de 1922, como marco das comemorações do centenário da Independência do Brasil, mas só ocorreu de fato em 8 de dezembro de 1923, quando ela se tornou a Catedral Metropolitana. Com dimensões acanhadas para a cidade que se expandia, o espaço foi, desde então, considerado provisório pelo bispo dom Cabral.

Em 1941, o religioso deu os primeiros passos para erguer uma nova catedral, com a contratação do arquiteto austríaco Clemens Holtzmeister para projetar o templo a ser erguido na confluência das avenidas do Contorno e Afonso Pena – local antes cogitado pela comissão construtora de BH. O edifício monumental teria capacidade para cerca de 12 mil pessoas e uma torre com 150 metros de altura. Havia no lugar apenas uma cruz, que dá origem ao nome do Bairro Cruzeiro, e a igreja até começou a ser construída, com a obra da cripta, mas não foi levada adiante por falta de recursos.

Sem verbas para concretizar o sonho dos católicos, dom Cabral concentrou esforços na construção do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus, no bairro que hoje leva o nome do bispo, na Região Noroeste de BH. O espaço físico do seminário foi transformado, em 1958, por decreto do então presidente Juscelino Kubitschek, em Universidade Católica de Minas Gerais, anos mais tarde declarada Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas).

Assim como dom Cabral, seus sucessores dom João Resende Costa e o cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo não conseguiram tirar do papel o projeto da nova catedral. Somente em 2004, com a nomeação de dom Walmor para chefiar a Arquidiocese, os planos voltaram a ganhar força. “Dom Walmor chegou com a missão de recuperar o esforço de dom Cabral para construir a Catedral Cristo Rei. Começou, então, a pensar onde seria erguido o templo e chegou-se ao Vetor Norte”, detalha Mônica Fonseca. O monumento vai ocupar 22 mil metros quadrados, na Avenida Cristiano Machado, no Bairro Juliana, em frente à Estação BHBus Vilarinho. O local também representa o epicentro da região composta pelos 28 municípios que hoje integram a Arquidiocese de BH.

Conforme o Estado de Minas anunciou com exclusividade no último sábado, o novo templo, assinado por Oscar Niemeyer, terá duas colunas com 100 metros de altura, campanário com 40 metros e sete sinos, além de uma cruz de 20 metros, tudo na cor branca. A catedral terá capacidade para 5 mil pessoas sentadas e, em grandes eventos, pode receber até 20 mil fiéis. Os investimentos estimados são da ordem de R$ 75 milhões a R$ 100 milhões. A expectativa é de que a obra fique pronta até 2014.

Projeto da nova Catedral é assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer
Projeto da nova Catedral é assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (foto: Arquidiocese/Divulgação)

 

Saiba mais

 

Quem foi Dom Cabral?

Nascido em Propriá (SE), em 8 de outubro de 1884, Antônio dos Santos Cabral estudou no Seminário de Salvador (BA). Foi ordenado padre na capital baiana e lá celebrou a sua primeira missa, na Capela de São Vicente. Depois de trabalhos em sua cidade natal e em Aracaju (SE), foi nomeado bispo de Natal (RN) e chegou a Belo Horizonte em 30 de abril de 1922, onde tomou posse como bispo da capital, na Igreja de São José. Em 1929, dom Cabral contratou o arquiteto italiano Rafaelo Berti (1900-1972) para construir o Palácio Cristo Rei, no complexo da Praça da Liberdade. No início da década de 1930, ele iniciou a criação do Seminário Arquidiocesano, cujo espaço físico foi transformado, em 12 de dezembro de 1958, na Universidade Católica de Minas Gerais. Na década de 1940, planejou a construção de uma catedral no Alto do Cruzeiro, atual Praça Milton Campos, com 150 metros de altura e capacidade para 12 mil fiéis. Em 1941, o arquiteto austríaco Clemens Holtzmeister foi contratado pelo bispo para executar o projeto do templo, que até começou a ganhar forma, com a obra da cripta, mas não foi concluído. Em 1951, acometido por uma trombose, dom Cabral deixou a Arquidiocese de BH, morrendo em 15 de novembro de 1967, aos 83 anos. 

 


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