Catuji (MG) –As irmãs Arliene Ferreira Fernandes, de 11, estudante da 4ª série, e Aléxia Ferreira Fernandes, de 14, da 7ª série, levantam às 5h30 na comunidade de Geru e, acompanhadas do primo Marden Fernandes Ferreira, de 14, também na 4ª série, atravessam uma pinguela de madeira sobre um córrego antes de subirem uma ladeira de um quilômetro até alcançarem a estrada estreita e esburacada por onde circula a Kombi 1996, dirigida por Niro Ferreira Amorim, de 26.
Dois quilômetros depois, saltam e caminham mais 500 metros até o ponto do ônibus, porque há uma subida e descida íngremes e uma ponte sobre o Rio Todos os Santos, que a Kombi tem dificuldades para transpor. Lá, embarcam no ônibus vermelho 1987, sem cintos de segurança e em que faltam três janelas, dirigido por José Domingos Viana dos Santos, de 43, que lida com transporte escolar desde 1990. Domingos, que mora em Gramado, a 25 quilômetros de distância, garante que as janelas já foram compradas pela prefeitura, mas há dificuldade de mão de obra para a troca.
A lotação habitual no turno da manhã é de 43 meninos, mas pode aumentar por causa dos caronas. José Domingos retorna à comunidade depois da aula e faz novamente a rota à tarde, levando os alunos do curso noturno. Ele e os outros motoristas, além do curso específico para transportar estudantes, desenvolveram estratégias próprias. Um exemplo é o hábito de parar no meio da estrada, para impedir que outros veículos passem pelo ônibus e atropelem os meninos, que não costumam olhar antes de atravessar.
Arliene, que sonha em fazer curso superior de botânica, porque adora plantas, leva para a escola seu telefone celular, que não pega onde ela mora. A menina diz que o cotidiano do transporte “às vezes, é bom, quando o ônibus não está muito cheio; às vezes, é ruim, quanto faz muito frio de manhã”. Aléxia quer ser jornalista e reclama dos dias em que acordam tarde e têm de subir às pressas a ladeira, correndo o risco de estarem próximas mas não serem vistas pelo motorista da Kombi, por causa do mato. Nesse caso, têm que continuar correndo para tentar alcançar o ônibus no ponto e não perder aula.
DIAS MAIS DUROS
Também é combinado que, nas segundas de manhã, a Kombi não vem. Aí, é preciso levantar mais cedo e caminhar até a estrada. Na cidade, as duas vencem mais um quilômetro até a escola e repetem o trajeto depois da aula. Esperam a chegada do ônibus misturadas aos estudantes e embarcam de volta, repetindo a rotina. Na viagem de retorno, têm a companhia do professor Edgar Guilherme Doerl, de 48. Há sete anos ele dá aulas à tarde na escola municipal de Gramado e faz o trajeto de ida e volta no ônibus da prefeitura. Ele observa que já foi pior e que os tempos mudaram: “Aqui melhorou muito, agora está encascalhado”.
Enquanto os meninos estão na escola, os ônibus aguardam na garagem da prefeitura. Lá tem mecânico, para mantê-los em condições de rodar, porque uma manutenção melhor, só nas férias. Nas quartas-feiras, os ônibus são varridos por dentro e, nas sextas, são lavados. Significa que, no resto da semana, circulam imundos. No caso da Kombi de Niro, que fica na comunidade, ele mesmo é quem cuida. Quando chove, Niro costuma precisar da ajuda dos passageiros para empurrar o veículo na subida.
A Kombi de Niro tem pintura com a faixa amarela e a expressão “escolar”, como manda a norma, mas carrega, na traseira, um adesivo inconveniente para um veículo que transporta crianças. Junto à estampa de uma mulher, está escrito: “Mulher é igual CD. Por causa de uma parte boa, a gente fica com tudo”. Ninguém repara nessa e em outras inconveniências do sistema. Ao contrário, as famílias agradecem pelo transporte de que os filhos dispõem. “No meu tempo, a gente ia a pé”, informa o trabalhador rural Arlete Fernandes Pereira, de 40, pai de Arliene e Aléxia, quando as meninas chegam cansadas ao lar, depois das 12h30.
Dois quilômetros depois, saltam e caminham mais 500 metros até o ponto do ônibus, porque há uma subida e descida íngremes e uma ponte sobre o Rio Todos os Santos, que a Kombi tem dificuldades para transpor. Lá, embarcam no ônibus vermelho 1987, sem cintos de segurança e em que faltam três janelas, dirigido por José Domingos Viana dos Santos, de 43, que lida com transporte escolar desde 1990. Domingos, que mora em Gramado, a 25 quilômetros de distância, garante que as janelas já foram compradas pela prefeitura, mas há dificuldade de mão de obra para a troca.
A lotação habitual no turno da manhã é de 43 meninos, mas pode aumentar por causa dos caronas. José Domingos retorna à comunidade depois da aula e faz novamente a rota à tarde, levando os alunos do curso noturno. Ele e os outros motoristas, além do curso específico para transportar estudantes, desenvolveram estratégias próprias. Um exemplo é o hábito de parar no meio da estrada, para impedir que outros veículos passem pelo ônibus e atropelem os meninos, que não costumam olhar antes de atravessar.
Arliene, que sonha em fazer curso superior de botânica, porque adora plantas, leva para a escola seu telefone celular, que não pega onde ela mora. A menina diz que o cotidiano do transporte “às vezes, é bom, quando o ônibus não está muito cheio; às vezes, é ruim, quanto faz muito frio de manhã”. Aléxia quer ser jornalista e reclama dos dias em que acordam tarde e têm de subir às pressas a ladeira, correndo o risco de estarem próximas mas não serem vistas pelo motorista da Kombi, por causa do mato. Nesse caso, têm que continuar correndo para tentar alcançar o ônibus no ponto e não perder aula.
DIAS MAIS DUROS
Também é combinado que, nas segundas de manhã, a Kombi não vem. Aí, é preciso levantar mais cedo e caminhar até a estrada. Na cidade, as duas vencem mais um quilômetro até a escola e repetem o trajeto depois da aula. Esperam a chegada do ônibus misturadas aos estudantes e embarcam de volta, repetindo a rotina. Na viagem de retorno, têm a companhia do professor Edgar Guilherme Doerl, de 48. Há sete anos ele dá aulas à tarde na escola municipal de Gramado e faz o trajeto de ida e volta no ônibus da prefeitura. Ele observa que já foi pior e que os tempos mudaram: “Aqui melhorou muito, agora está encascalhado”.
Enquanto os meninos estão na escola, os ônibus aguardam na garagem da prefeitura. Lá tem mecânico, para mantê-los em condições de rodar, porque uma manutenção melhor, só nas férias. Nas quartas-feiras, os ônibus são varridos por dentro e, nas sextas, são lavados. Significa que, no resto da semana, circulam imundos. No caso da Kombi de Niro, que fica na comunidade, ele mesmo é quem cuida. Quando chove, Niro costuma precisar da ajuda dos passageiros para empurrar o veículo na subida.
A Kombi de Niro tem pintura com a faixa amarela e a expressão “escolar”, como manda a norma, mas carrega, na traseira, um adesivo inconveniente para um veículo que transporta crianças. Junto à estampa de uma mulher, está escrito: “Mulher é igual CD. Por causa de uma parte boa, a gente fica com tudo”. Ninguém repara nessa e em outras inconveniências do sistema. Ao contrário, as famílias agradecem pelo transporte de que os filhos dispõem. “No meu tempo, a gente ia a pé”, informa o trabalhador rural Arlete Fernandes Pereira, de 40, pai de Arliene e Aléxia, quando as meninas chegam cansadas ao lar, depois das 12h30.