Copo vazio não combina com a capital dos botecos, mas a partir da próxima semana quem se arriscar a dirigir depois de beber em Belo Horizonte correrá mais riscos de ser pego em blitzes
Um dos desafios da nova campanha é resgatar a credibilidade da Lei Seca, que em três anos apresentou resultados pouco expressivos em MinasO estado ocupava até o ano passado uma das últimas posições no ranking do Ministério da Saúde de redução de mortes no trânsitoSegundo o relatório, divulgado em 2010, houve redução de 4,2% das vítimas de trânsito no estado mineiro – de 3.781, antes da lei, para 3.621 depois que ela entrou em vigor
“Minas tem mais mortos por acidentes de trânsito do que por homicídio, e na raiz destes acidentes está a embriaguezO que se esperava da lei ainda não tinha acontecido e vamos usar a multa com caráter pedagógico”, disse o secretário de Defesa Social, Lafayette AndradaDiretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais, Paulo Nonaca diz que o setor vai participar da divulgação A partir da próxima sexta-feira, as “bolachas” de chope, papel bandeja e espelhos dos banheiros de bares e restaurantes vão exibir a marca da campanhaA exemplo do que costuma ocorrer no Rio, o coordenador de Operações Especiais do Detran-MG, delegado Ramon Sandoli, garante que não haverá favorecimento nas blitzes na Grande BH“Não vamos prejudicar nem favorecer ninguémO procedimento adotado será o mesmo para todos”, disse
Nas blitzes da nova campanha, todo condutor abordado deverá descer do carro e será convidado a soprar o bafômetroOs que apresentarem sinais de embriaguez, como desalinho nas roupas, fala desconexa e desequilíbrio, ainda que se recusem a fazer o teste do bafômetro, terão a carteira apreendida e serão multados em R$ 957,70
Ao se submeter ao teste do bafômetro, o motorista será liberado se o resultado for até 0,11 mg/l (veja quadro)De 0,12 mg/l até 0,29 mg/l, o condutor recebe a multa e tem sua carteira apreendidaSe o resultado for superior a 0,30 mg/l, o motorista fica sujeito às mesmas penalidades e é encaminhado à delegacia, onde responderá criminalmente por embriaguez, direção perigosa ou homicídio culposo, dependendo da situação
Palavra de especialista
Luís Flávio Sapori
Sociólogo e secretário-executivo do Instituto Minas pela Paz
A Lei Seca chega tarde a Minas, mas antes tarde do que nuncaIsso precisa ser rotina nas principais cidades, com severidade de punição e fiscalização dos infratores, para que haja redução da violência e impunidade no trânsitoA falta de credibilidade sobre a Lei Seca resulta da falta de fiscalizaçãoHoje, o risco é muito baixo de ser flagrado e punido, o que é fundamental nessa mudança de comportamento
Quando a lei começar a ser aplicada, o cidadão vai entender que precisa fazer sua parte também