São histórias como a de Renilda Helena Mesquita, moradora de Campanha, que não contém as lágrimas quando recupera na memória a imagem do filho Adriano Mesquita, caminhoneiro, que morreu aos 27 anos na Fernão Dias já duplicada, próximo ao km 899, depois de bater na traseira de uma carreta, parada na pista sem a devida sinalizaçãoNo dia 7, o acidente completou seis anos“Ainda penso que ele está viajando e que a qualquer hora vai entrar pela porta”, diz a mãe, desoladaO drama de Renilda é grande, pois há 19 anos o marido, José Jorge Mesquita, também morreu em um acidente rodoviário“Fiquei traumatizada com estradasAs pessoas deveriam respeitar umas as outras no trânsito, deveriam tomar mais cuidado”, sintetiza.
O policial rodoviário federal aposentado Alexandre Dumas Pinheiro, de 57 anos, fiscalizou a BR-381 por 28 anosMorador de Perdões, na Região Centro-Oeste, conhece casos surpreendentes que ocorriam à época em que a estrada era de pista simples“Ainda me lembro dos motoristas de uma empresa de ônibus que, ao se cruzarem em uma reta, trocavam de mão só por brincadeiraUm dia, um motorista novato não sabia disso, ficou no mesmo lugar e a batida de frente matou na hora mais de 10 pessoas”, relembra Dumas.
O policial confirma que os acidentes aumentaram depois da duplicação, mas a gravidade caiu
Apesar de a estrada estar em boas condições, ainda precisa de reparosPersistem no traçado, ora marcado pela sinuosidade, ora por longas retas, problemas como pontes e viadutos em curvas e, em alguns trechos, a falta de obstáculos físicos que impeçam um veículo de invadir a contramão.
A Fernão Dias foi duplicada com dinheiro públicoAs obras, feitas em duas etapas, tiveram início em 1994 e foram concluídas em 2005O custo do trecho de 485 quilômetros que fica dentro de Minas Gearais girou em torno de R$ 1 bilhão, sendo 50% do Banco Mundial, 25% do governo federal e o restante dividido igualmente entre Minas e São Paulo, conforme informou a Secretaria de Estado de Transportes e Obras PúblicasA rodovia, por onde passam diariamente 175 mil veículos, considerando também o fluxo paulista, foi concedida a uma empresa privada em 2008, com prazo de 25 anosCarros de passeios pagam R$ 1,30 de pedágioSão oito praças até a divisa com São Paulo.