“Se a fiscalização realmente funcionar, como vemos em outros estados como o Rio de Janeiro, nossa expectativa é de que haja um aumento de mais de 30% nas chamadasAos sábados, fazemos uma média de 3 mil corridas e esse número pode chegar a quase 4 milSe calcularmos uma corrida considerada média, com preço de R$ 7, o taxista vai lucrar na faixa de R$ 630 numa noite”, contabiliza o diretor financeiro da cooperativa, Bronsibel Ribeiro
Ele perdeu a conta de quantas vezes ficou na torcida para que a Lei Seca emplacasse em BHAgora, está confiante “Vamos até fazer um trabalho de conscientização com nossos motoristas, porque muitos não gostam de atender a pessoas que beberamMas o importante é a sociedade apoiar a iniciativa, que já devia ter sido implantada para valer há muito tempoVai reduzir o número de carros nas ruas e o que a gente tem que pensar é que o motorista alcoolizado que vai de táxi não arrisca a própria vida e a de outros.”
Alguns bares já organizam parcerias
Na rede Albano’s e na cervejaria alemã Haus München, os clientes receberão um voucher“Queremos que o nosso cliente beba com responsabilidade Colocamos jogos americanos e displays nas mesas, conscientizando os frequentadores sobre os perigos de assumir o volante depois de beber Aqui, nós pagamos a bandeirada, que custa R$ 3,40É uma forma de fazer a nossa parte”, diz a gerente de marketing das casas, Roberta Girão.
A campanha foi lançada antes mesmo do anúncio da Secretaria de Estado de Defesa Social de que aumentaria a fiscalização e recebeu grande adesão dos clientes, há dois meses“Cerca de 20% dos frequentadores passaram a pegar táxi depois de beber.” Roberta lembra que a tendência sofreu uma queda, mas acredita que as blitzes nas ruas farão o cliente pensar duas vezes antes de pegar o carro ao sair do bar ou de uma festa“Celebramos no bar momentos de descontração e relaxamentoNinguém quer ver acidentes de trânsito e vítimas por aí
O que você vai ver nas ruas
» As blitzes vão ocorrer de quinta a sábado, entre 22h e 5h Eventualmente haverá fiscalização às quartas-feiras e domingos, dias de jogos de futebolMotoristas flagrados alcoolizados perderão o direito de dirigir por um ano.
» Serão quatro blitzes simultâneas, com equipes compostas de policiais
civis e militares, guardas municipais e bombeirosEles terão acesso
aos bancos de dados das corporações para identificar outras infrações, como falta de pagamento do IPVA e licenciamento vencidoDois cadeirantes vão participar da abordagem educativa.
» A fiscalização ocorrerá em pontos de grande concentração de bares, boates e restaurantes, como nos bairros de Lourdes e Sion, na região Centro-Sul
da capital, e na Avenida Raja GabagliaAs entradas da cidade, corredores
viários e pontos com alto registro de acidentes e mortes no trânsito também terão blitzes.
» As equipes vão se movimentar e trocar de ruas durante a noite e a madrugadaA fiscalização também poderá ser feita em horários flexíveis, por causa de algum evento específico na cidade ou happy hour.
» Os motoristas serão convidados a soprar o bafômetroSerão liberados
se o resultado for até 0,11 miligrama de álcool por litro de sangue, o que representa uma dosagem muito pequenaDe 0,12 mg/l a 0,29 mg/l, o condutor será multado em R$ 957,70 e terá a carteira apreendidaSe o resultado do teste for superior a 0,30 mg/l, o motorista sofrerá as mesmas punições, mas vai responder também criminalmente e, por isso, será levado para a delegacia.
» Os que apresentarem sinais de embriaguez, como fala desconexa e desequilíbrio, ainda que se recusem a fazer o teste, terão a carteira apreendida e serão multadosSe não houver ninguém para dirigir o carro, o veículo será rebocado
Análise da notícia
Novo desafio
Dias antes da “reestreia” da Lei Seca, a dúvida do mineiro é se desta vez vai pegarNo Rio de Janeiro, o projeto virou modelo por causa de um tripé fundamental: fiscalização, transparência e igualdadeAs blitzes são diárias – nada menos que 35 por semana – e não há tratamento diferenciado, seja o motorista celebridade, artista, autoridade, músico, jogador de futebol ou filho de qualquer personagem influenteTodos correm o risco de ser paradosE todos ficam sabendo quem foi pego, e até se soprou o bafômetroCom isso, a sociedade acabou comprando a ideia, que funciona apesar do “serviço” que divulga os endereços das blitzes no TwitterPela cidade, é comum ver os carros com adesivos “Lei Seca – Eu apoio”, distribuídos nas próprias operaçõesAlém de conscientizar o condutor e reduzir as mortes no trânsito, a campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida” tem o desafio de recuperar a credibilidade da Lei Seca mineira, mostrando que desta vez a fiscalização vai ser rotineira, permanente e rigorosa