A dois dias do retorno das blitzes da Lei Seca às ruas de Belo Horizonte e da região metropolitana, donos de bares nem de longe cogitam perder clientela. Por isso, planejam abraçar a campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida”, estimulando o uso de táxis. As cooperativas, por sua vez, esperam faturar com a tolerância zero à combinação do álcool e direção. Na Ligue Táxi BH, por exemplo, a direção mandou fazer 5 mil chaveiros com o telefone do grupo e a inscrição “Se beber, me chame!”, para serem distribuídos entre os usuários e frequentadores de barzinhos.
“Se a fiscalização realmente funcionar, como vemos em outros estados como o Rio de Janeiro, nossa expectativa é de que haja um aumento de mais de 30% nas chamadas. Aos sábados, fazemos uma média de 3 mil corridas e esse número pode chegar a quase 4 mil. Se calcularmos uma corrida considerada média, com preço de R$ 7, o taxista vai lucrar na faixa de R$ 630 numa noite”, contabiliza o diretor financeiro da cooperativa, Bronsibel Ribeiro.
Ele perdeu a conta de quantas vezes ficou na torcida para que a Lei Seca emplacasse em BH. Agora, está confiante. “Vamos até fazer um trabalho de conscientização com nossos motoristas, porque muitos não gostam de atender a pessoas que beberam. Mas o importante é a sociedade apoiar a iniciativa, que já devia ter sido implantada para valer há muito tempo. Vai reduzir o número de carros nas ruas e o que a gente tem que pensar é que o motorista alcoolizado que vai de táxi não arrisca a própria vida e a de outros.”
Alguns bares já organizam parcerias. As duas unidades da cervejaria Devassa na Região Centro-Sul, a partir de quinta-feira vão chamar o táxi e oferecer desconto na corrida. “Independentemente da fiscalização, a Devassa faz uma campanha permanente. No meu grupo de amigos mesmo já percebo uma mudança de cultura: o que não bebe leva todo mundo para casa ou o pessoal prefere andar de táxi”, conta o sócio Daniel Balesteros.
Na rede Albano’s e na cervejaria alemã Haus München, os clientes receberão um voucher. “Queremos que o nosso cliente beba com responsabilidade. Colocamos jogos americanos e displays nas mesas, conscientizando os frequentadores sobre os perigos de assumir o volante depois de beber. Aqui, nós pagamos a bandeirada, que custa R$ 3,40. É uma forma de fazer a nossa parte”, diz a gerente de marketing das casas, Roberta Girão.
A campanha foi lançada antes mesmo do anúncio da Secretaria de Estado de Defesa Social de que aumentaria a fiscalização e recebeu grande adesão dos clientes, há dois meses. “Cerca de 20% dos frequentadores passaram a pegar táxi depois de beber.” Roberta lembra que a tendência sofreu uma queda, mas acredita que as blitzes nas ruas farão o cliente pensar duas vezes antes de pegar o carro ao sair do bar ou de uma festa. “Celebramos no bar momentos de descontração e relaxamento. Ninguém quer ver acidentes de trânsito e vítimas por aí. Com o aumento da fiscalização, acho que as pessoas vão optar pelo táxi mesmo”, aposta.
O que você vai ver nas ruas
» As blitzes vão ocorrer de quinta a sábado, entre 22h e 5h. Eventualmente haverá fiscalização às quartas-feiras e domingos, dias de jogos de futebol. Motoristas flagrados alcoolizados perderão o direito de dirigir por um ano.
» Serão quatro blitzes simultâneas, com equipes compostas de policiais
civis e militares, guardas municipais e bombeiros. Eles terão acesso
aos bancos de dados das corporações para identificar outras infrações, como falta de pagamento do IPVA e licenciamento vencido. Dois cadeirantes vão participar da abordagem educativa.
» A fiscalização ocorrerá em pontos de grande concentração de bares, boates e restaurantes, como nos bairros de Lourdes e Sion, na região Centro-Sul
da capital, e na Avenida Raja Gabaglia. As entradas da cidade, corredores
viários e pontos com alto registro de acidentes e mortes no trânsito também terão blitzes.
» As equipes vão se movimentar e trocar de ruas durante a noite e a madrugada. A fiscalização também poderá ser feita em horários flexíveis, por causa de algum evento específico na cidade ou happy hour.
» Os motoristas serão convidados a soprar o bafômetro. Serão liberados
se o resultado for até 0,11 miligrama de álcool por litro de sangue, o que representa uma dosagem muito pequena. De 0,12 mg/l a 0,29 mg/l, o condutor será multado em R$ 957,70 e terá a carteira apreendida. Se o resultado do teste for superior a 0,30 mg/l, o motorista sofrerá as mesmas punições, mas vai responder também criminalmente e, por isso, será levado para a delegacia.
» Os que apresentarem sinais de embriaguez, como fala desconexa e desequilíbrio, ainda que se recusem a fazer o teste, terão a carteira apreendida e serão multados. Se não houver ninguém para dirigir o carro, o veículo será rebocado.
Análise da notícia
Novo desafio
Dias antes da “reestreia” da Lei Seca, a dúvida do mineiro é se desta vez vai pegar. No Rio de Janeiro, o projeto virou modelo por causa de um tripé fundamental: fiscalização, transparência e igualdade. As blitzes são diárias – nada menos que 35 por semana – e não há tratamento diferenciado, seja o motorista celebridade, artista, autoridade, músico, jogador de futebol ou filho de qualquer personagem influente. Todos correm o risco de ser parados. E todos ficam sabendo quem foi pego, e até se soprou o bafômetro. Com isso, a sociedade acabou comprando a ideia, que funciona apesar do “serviço” que divulga os endereços das blitzes no Twitter. Pela cidade, é comum ver os carros com adesivos “Lei Seca – Eu apoio”, distribuídos nas próprias operações. Além de conscientizar o condutor e reduzir as mortes no trânsito, a campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida” tem o desafio de recuperar a credibilidade da Lei Seca mineira, mostrando que desta vez a fiscalização vai ser rotineira, permanente e rigorosa.
“Se a fiscalização realmente funcionar, como vemos em outros estados como o Rio de Janeiro, nossa expectativa é de que haja um aumento de mais de 30% nas chamadas. Aos sábados, fazemos uma média de 3 mil corridas e esse número pode chegar a quase 4 mil. Se calcularmos uma corrida considerada média, com preço de R$ 7, o taxista vai lucrar na faixa de R$ 630 numa noite”, contabiliza o diretor financeiro da cooperativa, Bronsibel Ribeiro.
Ele perdeu a conta de quantas vezes ficou na torcida para que a Lei Seca emplacasse em BH. Agora, está confiante. “Vamos até fazer um trabalho de conscientização com nossos motoristas, porque muitos não gostam de atender a pessoas que beberam. Mas o importante é a sociedade apoiar a iniciativa, que já devia ter sido implantada para valer há muito tempo. Vai reduzir o número de carros nas ruas e o que a gente tem que pensar é que o motorista alcoolizado que vai de táxi não arrisca a própria vida e a de outros.”
Alguns bares já organizam parcerias. As duas unidades da cervejaria Devassa na Região Centro-Sul, a partir de quinta-feira vão chamar o táxi e oferecer desconto na corrida. “Independentemente da fiscalização, a Devassa faz uma campanha permanente. No meu grupo de amigos mesmo já percebo uma mudança de cultura: o que não bebe leva todo mundo para casa ou o pessoal prefere andar de táxi”, conta o sócio Daniel Balesteros.
Na rede Albano’s e na cervejaria alemã Haus München, os clientes receberão um voucher. “Queremos que o nosso cliente beba com responsabilidade. Colocamos jogos americanos e displays nas mesas, conscientizando os frequentadores sobre os perigos de assumir o volante depois de beber. Aqui, nós pagamos a bandeirada, que custa R$ 3,40. É uma forma de fazer a nossa parte”, diz a gerente de marketing das casas, Roberta Girão.
A campanha foi lançada antes mesmo do anúncio da Secretaria de Estado de Defesa Social de que aumentaria a fiscalização e recebeu grande adesão dos clientes, há dois meses. “Cerca de 20% dos frequentadores passaram a pegar táxi depois de beber.” Roberta lembra que a tendência sofreu uma queda, mas acredita que as blitzes nas ruas farão o cliente pensar duas vezes antes de pegar o carro ao sair do bar ou de uma festa. “Celebramos no bar momentos de descontração e relaxamento. Ninguém quer ver acidentes de trânsito e vítimas por aí. Com o aumento da fiscalização, acho que as pessoas vão optar pelo táxi mesmo”, aposta.
O que você vai ver nas ruas
» As blitzes vão ocorrer de quinta a sábado, entre 22h e 5h. Eventualmente haverá fiscalização às quartas-feiras e domingos, dias de jogos de futebol. Motoristas flagrados alcoolizados perderão o direito de dirigir por um ano.
» Serão quatro blitzes simultâneas, com equipes compostas de policiais
civis e militares, guardas municipais e bombeiros. Eles terão acesso
aos bancos de dados das corporações para identificar outras infrações, como falta de pagamento do IPVA e licenciamento vencido. Dois cadeirantes vão participar da abordagem educativa.
» A fiscalização ocorrerá em pontos de grande concentração de bares, boates e restaurantes, como nos bairros de Lourdes e Sion, na região Centro-Sul
da capital, e na Avenida Raja Gabaglia. As entradas da cidade, corredores
viários e pontos com alto registro de acidentes e mortes no trânsito também terão blitzes.
» As equipes vão se movimentar e trocar de ruas durante a noite e a madrugada. A fiscalização também poderá ser feita em horários flexíveis, por causa de algum evento específico na cidade ou happy hour.
» Os motoristas serão convidados a soprar o bafômetro. Serão liberados
se o resultado for até 0,11 miligrama de álcool por litro de sangue, o que representa uma dosagem muito pequena. De 0,12 mg/l a 0,29 mg/l, o condutor será multado em R$ 957,70 e terá a carteira apreendida. Se o resultado do teste for superior a 0,30 mg/l, o motorista sofrerá as mesmas punições, mas vai responder também criminalmente e, por isso, será levado para a delegacia.
» Os que apresentarem sinais de embriaguez, como fala desconexa e desequilíbrio, ainda que se recusem a fazer o teste, terão a carteira apreendida e serão multados. Se não houver ninguém para dirigir o carro, o veículo será rebocado.
Análise da notícia
Novo desafio
Dias antes da “reestreia” da Lei Seca, a dúvida do mineiro é se desta vez vai pegar. No Rio de Janeiro, o projeto virou modelo por causa de um tripé fundamental: fiscalização, transparência e igualdade. As blitzes são diárias – nada menos que 35 por semana – e não há tratamento diferenciado, seja o motorista celebridade, artista, autoridade, músico, jogador de futebol ou filho de qualquer personagem influente. Todos correm o risco de ser parados. E todos ficam sabendo quem foi pego, e até se soprou o bafômetro. Com isso, a sociedade acabou comprando a ideia, que funciona apesar do “serviço” que divulga os endereços das blitzes no Twitter. Pela cidade, é comum ver os carros com adesivos “Lei Seca – Eu apoio”, distribuídos nas próprias operações. Além de conscientizar o condutor e reduzir as mortes no trânsito, a campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida” tem o desafio de recuperar a credibilidade da Lei Seca mineira, mostrando que desta vez a fiscalização vai ser rotineira, permanente e rigorosa.