A fuga do traficante Roni Peixoto, beneficiado pelo regime semiaberto, levou o Ministério Público e o Judiciário a admitirem que não têm como confirmar a veracidade dos documentos anexados aos processos quando se trata de pedidos de emprego externo para presos condenados
Quinta-feira, Roni saiu da Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, Grande BH, supostamente para trabalhar e fugiuEle é condenado a 31 anos de prisão e considerado o comandante do tráfico de drogas na Pedreira Prado Lopes, no Bairro São Cristóvão, Região Nordeste de Belo Horizonte, além de ser apontado como braço direito do megatraficante carioca Fernandinho Beira Mar
Também foi anexada ao processo uma declaração do Centro Automotivo Apolo, indicando que o traficante receberia salário de R$ 650 mensais como auxiliar administrativo, trabalhando de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, com intervalo de duas horas para almoço
Advogados
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público, “todo parecer dos promotores de Justiça é baseado na documentação apresentada pelos advogados e não há como saber se ela é falsa”A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas afirmou que, nesses casos, os juízes somente agem quando legalmente provocados“A decisão que autorizou o trabalho de Roni Peixoto foi baseada nos documentos apresentados pelos representantes do réu, incluindo a carta de emprego da oficina, cópia do CNPJ e o contrato social da empresa, que tem quatro viasDiante dessa documentação, o juiz autorizou a saída para o trabalho
O Centro Automotivo Apolo fica na Rua Ituiutaba, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo HorizonteA pessoa que assina a suposta declaração da empresa, Fabiano de Oliveira, não existe, segundo os responsáveis pela oficina
Na decisão da promotora, ela se diz favorável à autorização para Roni trabalhar mediante apresentação mensal de frequência e envio de cópia da carteira de trabalho assinada pelo empregadorOs advogados Camila Miranda e Sanzio Reis foram procurados pelo Estado de Minas e não quiseram falarDe acordo com o escritório Linhares Reis Advogados, onde os dois atuam, a família do traficante entregou o pedido de emprego com a documentação da empresa aos defensores, e estes os encaminharam à JustiçaA promotora, o juiz e os dois sócios do Centro Automotivo Moraes não quiseram comentar o assunto.