A partir das reclamações sobre o pouco tempo para pedestres atravessarem ruas e avenidas de Belo Horizonte, a BHTrans, administradora do trânsito da capital, se comprometeu a reavaliar a programação dos semáforos. A empresa também aposta num novo sistema de controle de sinais de trânsito, em instalação nas avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos e no Centro de BH, para aumentar as oportunidades de travessia de quem anda a pé.
Mas, antes da implantação da tecnologia, a BHTrans promete revisar os semáforos da capital. “Não vou discordar, em alguns locais é preciso melhorar. Vamos olhar os pontos críticos e verificar nas nossas programações como aumentar o tempo para o pedestre”, diz Coelho, justificando que, na hora de organizar o trânsito, o pedestre não é a única peça em jogo. “Temos uma cidade inteira para fazer andar, somos cobrados por essa fluidez”, diz o gerente, que cita os detectores de avanço de sinal recentemente instalados em 23 pontos como um ganho para o pedestre.
A cadeirante Terezinha Oliveira Rocha, de 55 anos, afirma que a adequação dos tempos dos semáforos é uma demanda antiga do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência. “Muitas vezes, também, temos que ficar apertadas numa calçada estreita”, diz. Segundo o Código de Trânsito, em casos em que o pedestre não termina a travessia, o motorista é obrigado a esperar as pessoas completarem o percurso.
Dois tempos
A crítica de Terezinha sobre a sincronia dos sinais é a mesma da Associação dos Pedestres de Belo Horizonte. “O semáforo em dois tempos é desaconselhável. Ele leva a pessoa a correr para tentar atravessar a via de uma só vez”, opina o presidente da instituição, Arthur Vianna, reconhecendo que também há imprudência do pedestre. Um exemplo está na Avenida dos Andradas, em frente à Praça da Estação, no Centro. Se nas pistas sentido Parque Municipal, o tempo é de 1 minuto e 20 segundos para andar 15 metros, no sentido Cristiano Machado, o mesmo percurso tem que ser cumprido em 15 segundos.
O gerente da BHTrans afirma que, caso esse sistema não fosse adotado, a cidade correria o risco de parar. Mesmo assim, admite que a maioria dos acidentes decorre de situações em que a pessoa começa a atravessar quando o sinal de pedestres está quase fechando. “Se ela atravessa no início do verde, não temos esse tipo de problema”, diz. Quanto ao uso de temporizadores, a empresa informa que, por não haver regulamentação do equipamento pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), optou por não usá-lo.