Para a psicóloga e professora Olívia Miranda, de 59, dos quais 27 em Trancoso, o distrito, de quase 20 mil habitantes, deixou de ser paraíso há muito tempo“Não temos mais sossego, o clima é de medo”, descreve Olívia“Bandidos de todos os lados circulam por aqui, que virou um prato cheio para quem é ladrãoVocê pode fugir para qualquer lugar, pela estrada, pelo mar
O delegado Rafael Zanini admite dificuldades para combater a violência na região“Os crimes mais comuns são furtos e arrombamentos de residênciasOs roubos acontecem mais nas estradas, no trajeto de Trancoso para Caraíva, que é muito longo e deficitário, por areais (cerca de 50 quilômetros)De fato, a região fica erma e facilita a ação dos bandidos”, relata“Até mesmo para a gente chegar ao local é uma dificuldade”, admite o delegado
Para os turistas, ele faz uma alerta“Andar em praias desertas na região é um riscoO ladrão aproveita uma praia mais erma, sem grande movimento, vê a oportunidade e roubaHá associações de barracas que pagam um patrulhamento a cavalo, então o que pedimos a turistas é que não se afastem desse polo de barracas", orienta o delegado.
À frente da 23ª Coordenadoria Regional do Interior de Eunápolis, órgão responsável pelas delegacias de Porto Seguro e cidades vizinhas, o delegado Evy Paternostro diz que o número é pequeno diante do universo de visitantes, que chega a 20 mil, 25 mil por mês na alta temporadaNo restante do ano, a média de visitantes varia de 10 mil a 15 milEle afirma que o número de roubos contra turistas no primeiro semestre de 2011 chegou a 21No mesmo período do ano passado, os casos somaram 26
Difícil fazer ocorrência
Todos os moradores de Trancoso vítimas de violência precisam viajar 40 quilômetros para registrar boletim de ocorrência em Arraial D'Ajuda, pois no distrito os três únicos policiais militares só atendem casos de perda de documentoSe a vítima é turista, tem que viajar ainda mais, pois somente é atendida pela Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), em Porto Seguro, tendo ainda de atravessar de balsa o Rio Buranhém Muitos desistem de recorrer à polícia, o que distorce estatísticas de criminalidadeMesmo assim, a Deltur chega a registrar mais de 50 queixas por dia, a maioria de mineiros, em alta temporada.