Jornal Estado de Minas

Morte de engenheiro mineiro no Peru ainda é mistério

Álvaro Fraga Landercy Hemerson

Mistério na morte de um engenheiro e um geólogo de Minas Gerais, cujos corpos foram encontrados ontem pela manhã numa área de floresta amazônica na cidade de Pión, no Norte do Peru

Os dois prestavam serviços para a Leme Engenharia, pertencente ao grupo multinacional Tractebel Engineering (GDF Suez) e estavam desaparecidos desde a tarde da segunda-feira, durante trabalhos de levantamentos topográficos numa área em que será construída uma usina hidrelétricaA empresa e o Itamaraty confirmaram as mortes do engenheiro Mário Augusto Soares Bittencourt, de 61 anos, e do geólogo Mário Gramani Guedes, de 57Os corpos não apresentavam sinais de violência e mantinham os documentos.

- Foto: Soraia Piva/EM/DA PressO sobrinho de Mário Augusto, o também engenheiro Felipe Ribeiro Bittencourt, de 29, disse que as informações iniciais sobre as circunstâncias da morte do tio deixaram várias lacunas“Conversei com um diretor da empresa no PeruEle me disse que meu tio desapareceu entre as 12h e as 13h da segunda-feiraDepois de várias buscas, encontraram o corpo dele cerca de 300 metros distante do outro brasileiro, sem sinais de violênciaMeu tio era bastante experiente em obras de hidrelétricas e não creio que poderia ter morrido de fome e frio em menos de 48 horas”, afirmou.

Felipe contou que seu tio e o geólogo Mário Guedes estavam acompanhados de um engenheiro e um geólogo peruanos, realizando levantamentos às margens de um rioA equipe tinha dois assistentes e um motorista“Disseram-me que num determinado momento meu tio parou na trilha para descansar, enquanto os peruanos e o outro brasileiro seguiramDo ponto em que estavam, ainda mantinham contato visual, até que meu tio desapareceu em meio ao nada”.

Segundo ele, o geólogo Mário Guedes, preocupado, saiu para procurá-lo
Os dois peruanos continuaram as medições topográficasDepois de quase uma hora, com a chegada de um dos ajudantes, perceberam o sumiço dos dois brasileiros e iniciaram a busca juntamente com nativosPoliciais da cidade vizinha de Baguá foram ao local quatro horas mais tarde.

Os corpos foram levados para a cidade de Baguá, a 300 quilômetros para autópsiaA embaixada brasileira na capital peruana, Lima, foi informada dos desaparecimentos na noite da terça-feiraUm representante seguiu para Chiclayo, centro de maior porte na região, onde espera a liberação para serem enviados de avião ao BrasilFelipe adiantou que a família de Mário Bittencourt vai querer que seja realizada nova autópsia por peritos de Minas.

Mário Augusto Bittencourt vivia em Belo Horizonte, era casado e tinha um casal de filhos adultosA mulher dele, a filha, de 21, e o filho, de 18, estavam em viagem de férias na fazenda da família, em Leopoldina, na Zona da Mata, quando foram informados sobre a morteO geólogo Mário Gramani Guedes, paulista, morava com a mulher e dois filhos há 24 anos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e há 11 trabalhava na LemeA filha dele, Júlia Guedes, disse que o geólogo viajou ao Peru na sexta-feira, para realizar trabalhos de campo.

Por meio da assessoria de imprensa, a Leme Engenharia disse lamentar as mortes e afirmou estar prestando atendimento psicológico e material às famílias para trazer os corposDe acordo com a filha de Mário Guedes, não há previsão de data para a chegada do corpo do geólogo ao Brasil.

PERFIL

A Leme Engenharia é representante no Brasil da Tractebel Engineering, multinacional sediada na Bélgica e com atuação em 20 países, conforme o site da transnacional
Na internet, a Leme Engenharia se apresenta como uma das principais empresas de engenharia consultiva da América Latina, com mais de 45 anos de experiência nos segmentos de energia e infraestruturaInforma ainda que tem sete escritórios no Brasil e bases de atuação no Chile e no PanamáAtua nos setores de hidroenergia, sistemas elétricos, geração térmica e infraestrutura.