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Estado de Minas

Família de professor morto em faculdade contesta absolvição do assassino


postado em 29/07/2011 06:00 / atualizado em 29/07/2011 06:17

A família do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos, assassinado a facadas em 7 de dezembro por um aluno no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, fez nessa quinta-feira um desabafo em relação à absolvição do estudante A. L. C., de 24, autor do crime. Numa carta aberta, os familiares sugerem o aprofundamento da discussão sobre a violência e a impunidade. E afirmam que vão acompanhar a aplicação da medida de internação por três anos do assassino, que foi considerado inimputável, ou seja, não pode ser responsabilizado pelo seu ato. No documento, eles ainda criticam a omissão dos pais do aluno, que não trataram da doença do filho.

Além do desabafo, os parentes de Kássio Gomes lançaram o site www.professorkassiovinicius.com, que vai além de uma homenagem ao educador. No espaço, a discussão sobre o combate à violência nas escolas ganha espaço por meio de um fórum e informações sobre iniciativas nesse sentido. Entre outros, o site destaca a campanha “Paz nas Escolas”, promovida pelo Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), que criou o disque denúncia 0800 770 3035, para as vítimas da violência.

A família do professor disse que recebeu com surpresa a decisão da Justiça, que considerou inimputável o assassino confesso. O juiz do 2º Tribunal do Júri teve por base o laudo de sanidade mental do acusado, que comprovou que ele sofre de esquizofrenia. O Ministério Público (MP) também pediu a absolvição do réu e a internação, por um período mínimo de três anos, conforme o artigo 96 do Código Penal Brasileiro.

“Mediante esta determinação da Justiça, gostaríamos de manifestar nossa tristeza e indignação em relação ao desfecho do caso. Nós perdemos um filho, pai, marido, irmão, amigo, um pesquisador apaixonado por sua profissão, exercendo-a sempre com ética e competência, acreditando no poder transformador de uma prática pedagógica. Os filhos pequenos de Kássio – dois meninos, de 6 e 5 anos – foram privados da convivência paterna, pois um outro pai e outra mãe foram omissos em relação à doença de seu filho”, destacaram os parentes do professor.

Histórico de agressão

Segundo eles, de acordo com os documentos do processo criminal, A. L. C. já apresentava histórico de agressão contra professores e seus próprios familiares. “O jovem, que poderia estar hoje passando por um tratamento adequado que possibilitasse ter um convívio social, é condenado a cumprir medida de segurança em manicômio judiciário”, diz o desabafo, que acrescenta: “O estudante universitário, matriculado no Instituto Metodista Izabela Hendrix, pôs em risco todas as pessoas que ali trabalhavam e estudavam”.

Os parentes de Kássio também criticaram as justificativas do assassino para o crime, de que vinha sendo perseguido pelo professor. Eles lembraram da dedicação que o educador tinha por seu trabalho e como era carinhosamente chamado de “mestre” por seus alunos. “Não nos furtaremos do nosso papel de cidadãos em exigir que a sentença seja cumprida, não nos contentaremos com qualquer subterfúgio que desvie o Estado de sua responsabilidade de manter o réu em um manicômio judiciário. Por acreditar na Justiça e nas instituições, aguardamos todos os tramites legais.”

 

Memória / Agressão antes da aula

O assassinato do professor Kássio Vinicius Castro Gomes ocorreu por volta das 19h de 7 de dezembro de 2010, pouco antes do primeiro horário do turno da noite do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. Kássio foi surpreendido pelo aluno A. L. C. num dos corredores e não teve chances de defesa. O agressor o atacou com uma faca, atingindo-o no peito. A cena foi registrada pelas câmeras do sistema de segurança. O estudante fugiu e foi preso na madrugada do dia seguinte, em casa, no Bairro União, Região Nordeste da capital.

 


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