Os corpos do engenheiro mineiro Mário Augusto Soares Bittencourt, de 61 anos, e do geólogo paulista Mário Gramani Guedes, 57, chegarão ao Brasil na madrugada de amanhã. A informação foi confirmada pela Leme Engenharia, empresa onde os dois trabalhavam. Os profissionais foram encontrados mortos na manhã de quarta-feira, na cidade de Pión, no Norte do Peru. As famílias receberão também o inquérito da polícia peruana sobre as mortes e fotos dos corpos no local onde foram achados. O irmão de Mário Bittencourt, Cláudio Antônio Soares Bittencourt, voltou a insistir na hipótese de os profissionais terem sido assassinados.
Cláudio Bittencourt teve acesso a imagens do local onde os corpos foram encontrados, o que reforçou a convicção dele e dos demais familiares sobre a possibilidade de terem sido vítimas de assassinato. “É um local impossível de se perder, uma estrada velha, um caminho como outro qualquer, e não há vegetação fechada, é um descampado. Não tem nenhuma trilha. Quem sabe o exame toxicológico esclareça o que aconteceu?”, acredita Cláudio, não descartando um possível envenenamento. O familiar revelou que o irmão e o colega de trabalho morreram por volta das 12h de terça-feira, baseado no relato do legista peruano responsável pelo caso. Ele afirmou, no horário em que os corpos foram achados, que haviam se passado 48 horas dos óbitos. “É muito estranho que os corpos tenham sido encontrados somente na quarta-feira. Eles estavam a apenas 15 metros da estrada. Suspeito que possam ter sido removidos para lá”, supõe Cláudio.
Suspeitas
O irmão do engenheiro mineiro refuta todas as hipóteses levantadas até aqui, como hipotermia (queda de temperatura corporal provocada pelo frio), falta de oxigênio causada pela altitude ou mesmo insolação. “Nós pesquisamos a região e descobrimos que o local está a 800 metros de altitude, o que não provoca falta de ar. As temperaturas variam entre 10° e 30°, qualquer um aguenta isso, não acredito em hipotermia ou insolação”, avalia. Na quarta-feira, veículos de imprensa peruanos chegaram a divulgar que os brasileiros poderiam ter sido assassinados por camponeses da região contrários à construção da hidrelétrica, o que foi rechaçado pela embaixada brasileira no Peru. Todos os pertences estavam junto às vítimas, incluindo máquinas fotográficas.
Mário Bittencourt, que vivia em Belo Horizonte, e Mário Guedes, morador de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, embarcaram no sábado para Chiclayo, capital do departamento peruano Amazonas. Eles viajaram 600 quilômetros de carro até Jaén, na região de Cajamarca. Na segunda-feira, seguiram para Pión, para fazer os trabalhos de análise sobre o local onde será erguida a Hidrelétrica Vera Cruz. Depois de parada para descanso, não foram mais vistos. O sepultamento de Bittencourt será em Belo Horizonte. Já Guedes será enterrado em São Paulo. (SP). As datas ainda serão definidas pelas famílias.