A mesma música que já embalou festas, inspirou corações apaixonados e emocionou plateias será agora cantada em sinal de protestoArtistas renomados como a Banda 14 Bis, Paulinho Pedra Azul, Márcio Greyck e Toninho Horta subirão, em agosto, em um palco em que muitos já perderam a vida, para lutar pela duplicação da BR-381Um show, no dia 16, às margens da BR-381, em João Monlevade, é a esperança de que governantes enfim escutem os clamores de quem já está cansado de chorar mortes na estrada conhecida como Rodovia da Morte.
No dia 17, a classe artística se despediu do amigo Wilson Maciel, de 58 anosAssistente de produção da Banda 14 Bis, ele morreu em acidente envolvendo o ônibus do grupo, no distrito de Roças Novas, em Caeté, na Grande BHO veículo tentou desviar de uma caminhonete que forçava ultrapassagem, na contramão, e caiu num barranco“Queremos ser ouvidos fora de Minas e fazer com que esse protesto chegue a BrasíliaEstamos acenando como se estivéssemos em uma ilha deserta, na esperança de que alguém nos veja”, diz o organizador do show, o médico e músico Aggeu Marques Filho.
insatisfação Morador de João Monlevade, Marques ressalta que o evento tem como objetivo mostrar a insatisfação de motoristas e passageiros em relação ao estado da via“Os governos estão com as mãos manchadas de sangue de quem morreu na rodoviaÉ preciso fazer algo, pois tem muita gente morrendo”, critica Marques, que já cansou de socorrer vítimas na estrada“Já ando com luvas no carroHá cinco anos, presenciei um acidente horrível, que matou cinco pessoas e lançou um bebê a 30 metros do carro”, lembra.
Além do amigo Wilson Maciel, o Teacher, quem será carinhosamente lembrada no show será a ex-secretária municipal de Educação de João Monlevade Geralda Machado, de 67, diretora de um colégio na cidade
O baterista da Banda 14 Bis, Eli Rodrigues Ferreira, de 62 anos, a metade deles no grupo, engrossará o coro dos protestos“As pessoas ficam esperando algo de muito grave acontecer para tomarem providências”, afirma o músico, que saiu a salvo do acidente e lembra as cenas de terror“Acordei com o barulho de ônibus virando e comecei a enxergar tudo de ponta-cabeça”, diz, contando que integrantes da banda ainda se recuperam de fraturasQuanto ao amigo Teacher, Eli acredita ter sido uma ironia do destino“Como ele era nosso secretário e cuidava mais do escritório, não viajava muito com a genteEstava mais passeando naquela viagem.”