É a primeira vez na história da capital que os aparelhos superam as autuações humanasNo primeiro semestre de 2010, por exemplo, foram 119.933 multas de policiais e guardas municipais, contra 101.559 dos radaresNo mesmo período deste ano, as autuações de agentes de trânsito caíram para 88.682, e os aparelhos registraram 297.020 infraçõesMesmo comparando o desempenho do primeiro semestre de 2011 com todo o ano passado, os detectores de velocidade ainda apresentaram um faturamento 22,47% maiorForam R$ 14.877.000 em 2010, contra R$ 18.221.000 arrecadados no primeiro semestre deste ano.
Desde dezembro de 2009, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) impediu a BHTrans de multar, essa obrigação foi transferida aos guardas municipais e policiais militaresMas a produtividade deles nesse quesito é cada vez menorNo primeiro semestre do ano passado, os 400 PMs e 130 agentes da Guarda aplicaram 119.933 multas, contra 88.682 neste anoEm média, cada um lavrou 1,24 autuação por dia no primeiro semestre de 2010Em 2011, o índice caiu para 0,91.
Para especialistas, os radares são necessários, mas esse tipo de fiscalização não deve ter prioridade sobre a das demais infrações de trânsito
“A importância dos radares é muito grande, mas eles não substituem a repressão a outros tipos de infraçãoÉ só ver nas ruas como todos dirigem usando celulares e deixam caçambas de construção em lugares proibidos, tampando a visão das placas”, afirma o especialista em transporte e trânsito e professor da UFMG Ronaldo Guimarães Gouvêa.
No caso dos radares, o aumento de produtividade supera, de longe, o crescimento da frota no períodoEntre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo período deste ano, o crescimento do número de veículos foi de apenas 6,8%: passou de 1.245.000 para 1.330.000, enquanto o desempenho dos radares teve incremento de 133%Segundo a BHTrans, apenas 1% da frota da capital (13.300 veículos) é submetida a fiscalização – eletrônica ou de guardas e policiais.
De acordo com o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, mesmo não multando, os 300 agentes da empresa orientam o tráfego“Só porque nossos agentes não estão multando, não significa que substituímos isso pelos radaresEmpregamos nosso pessoal em eventos e em todo problema de tráfego que há na cidade”, argumentou.
A BHTrans considera que a multiplicação das multas ocorre por causa do aumento de radares no período, que passaram de 37 para 50 este anoAlém disso, a empresa informa que os aparelhos foram aprimorados e agora também multam motocicletas.
Máquina de multar
O radar campeão de multas na cidade tem média de 140,96 autuações diárias (veja mapa)Ele fica na avenida Carlos Luz, altura do número 2.754, diante do Shopping Del Rey, e só neste ano, entre janeiro e junho, já disparou 25.656 vezesSegundo a BHTrans, 10.325.388 de veículos passaram pelo local no período
Apesar da justificativa, o aparelho que menos vezes flagrou motoristas em excesso de velocidade fica na avenida do Contorno, 5.284, próximo à Praça Milton Campos, um ponto de grande movimento, no chamado tobogã da ContornoNo mesmo período foram 131 registros, média diária de 0,71
Enquanto isso, Câmara quer controle
Dos três projetos que tramitam na Câmara Municipal sobre radares e lombadas eletrônicas, dois pretendem disciplinar os locais onde a BHTrans instala os radares eletrônicosO Projeto de Lei 1.757/11, de autoria do vereador Wagner Messias, o Preto (DEM), define que os radares não podem ser instalados a menos de 50 metros do início de uma curva ou menos de 100 metros de uma subida, e que o equipamento nunca poderá ser encoberto por árvores, ficando no mínimo a 50 metros delasPelo Projeto de Lei 1.766/11, do vereador Paulinho Motorista (PSL), a BHTrans não poderá instalar nenhum aparelho sem provar sua necessidade à Câmara, além de ter de mostrar quanto cada aparelho fatura semestralmenteEspecialistas em tráfego e trânsito são contra os projetos, por considerar que os vereadores não têm conhecimento técnico para definir onde devem ser instalados radares