Jornal Estado de Minas

Lei Seca aumenta demanda em até 20% e faz táxi virar artigo de luxo na noite de BH

Junia Oliveira
- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press
Tomar aquela cervejinha no boteco com os amigos se tornou sinônimo de repensar a volta para casaEm tempos de Lei Seca e de fiscalização rigorosa, táxi é uma das melhores soluçõesCom o aumento da demanda, conseguir um carro se tornou tarefa de gincana nas noites de Belo HorizonteNo dia a dia, o serviço agora é artigo de luxo em horários de picoAfinal, nessas circunstâncias, uma espera de pelo menos 30 minutos passou a ser rotina, conforme mostram os números de uma cooperativa de táxi da capitalAntes, o cliente era atendido em 12 minutos em média, considerando-se o fim da ligação e a chegada do veículoAgora, esse é o tempo gasto pelo atendente apenas para localizar um carroAté enfrentar um trânsito quase sempre caótico e chegar ao destino, lá se vão mais 15 ou 20 minutosA BHTrans fará, a partir deste mês, remanejamento na frota para diminuir esse e outros transtornosUma das medidas é a criação de mais pontos na Região Centro-Sul.

A ideia é implantar as paradas em frente aos principais bares e restaurantes da capital, facilitando o acesso de quem deixa o carro em casa por causa da bebidaO número e os locais ainda estão sendo estudados, mas a BHTrans garante que o serviço estará disponível antes do fim do ano
Importantes rotas dos botequeiros, como a Rua Piumhi, no Bairro Anchieta, poderiam ser beneficiadasNem o presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Dirceu Efigênio Reis, nem o da empresa de transporte e trânsito do município, Ramon Victor César, admitem a falta de táxi na capitalCésar voltou a afirmar que o aumento da frota, atualmente de 5.998 táxis, é fora de cogitação.

Segundo eles, esse é um problema localizado, em horários específicos, e ocorre, principalmente, na Região Centro-Sul de BH, onde está o maior número de bares e restaurantes“A maioria dos taxistas espera, em média, uma hora por um passageiroEm dia atípico, como uma sexta-feira, ou com a Savassi em obras, o carro vai demorarNa Região Centro-Sul, onde o poder aquisitivo é maior e as pessoas usam mais o serviço, haverá mais demanda”, justifica Reis.

Se um taxista espera uma hora, o mesmo pode dizer a cantora Vilma de OliveiraEsse foi o tempo que ela esperou por táxi no último domingo, para sair de um restaurante na Rua Rio de Janeiro, no Bairro de Lourdes, onde se apresenta, e ir para casa, no Planalto, Região Norte de BH“Desde o início da fiscalização da Lei Seca, o problema começouEstá difícil conseguir táxi a partir das 22h30”, dizO gerente da casa, Napoleão Corrêa dos Santos, responsável por ligar para as cooperativas pedindo carros para os clientes, diz que se tornou rotina uma espera de 30 minutos: “E, muitas vezes, nos ligam para dizer que o carro não vem, pois ninguém foi encontrado”
O artista plástico Marco Antônio Moreira faz coro: “Sábado e domingo são os piores dias, quero ver como ficará para a Copa do Mundo”.

Presidente da Ligue Táxi BH, Ataul Roberto de Castro diz que precisaria de 100 veículos além dos atuais 310 da cooperativa para suprir a demanda, que aumentou entre 15% e 20% desde o aumento do rigor em relação à Lei SecaO número de funcionários contratados para atender ligações a cada seis horas de turno passou de sete para 11“Preço e mercado acessível também contribuem para as pessoas usarem mais o serviçoIsso é bom para o motorista, mas esses atrasos podem causar problemas internos, pois temos vários contratos com empresas e estamos sujeitos a sanções administrativas”, disse.

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Além de mais pontos, outra novidade é a implantação de táxis especiais na capitalAté o mês que vem, serão definidos os padrões dessa nova modalidade, que deve contar com 300 veículos, de acordo com os estudos iniciais de demanda feitos pela BHTransA cor será diferenciada, mas ainda não foi escolhida – preto está entre as preferênciasOs carros deverão ter air bag, freio ABS, GPS, entre outras especificaçõesA tarifa será a mesma cobrada nos táxis comuns“Esse é um serviço para permissionários que já estão no sistema e terão um diferencial para oferecer ao passageiroQuem se interessar terá de se adaptar ao modelo, e caso haja mais demanda que as 300 iniciais, veremos se é viável aumentar a oferta”, afirmou o presidente da BHTrans, Ramon César.

Demanda antiga dos taxistas, será assinada este mês a portaria que autoriza donos de táxis a comprarem carros nas cores cinza, prata ou pretaA medida visa facilitar a revenda dos veículosPara rodar, eles deverão ser revestidos com um plotter branco, seguindo as especificações determinadas pela BHTrans.

Números da demora

15% a 20%

aumento da demanda por táxi em cooperativa de BH depois da intensificação da Lei Seca

12 minutos

tempo médio para os operadores conseguirem um táxi para o cliente

15 minutos

tempo médio para o carro chegar à casa do passageiro

30 minutos

tempo mínimo de espera por um táxi

6h às 24h

horários críticos para se conseguir um táxi numa sexta-feira

5h às 7h; 9h às 13h

horário de pico em outros dias da semana

FONTE: Ligue Táxi BH