Dois dias depois de a reportagem do Estado de Minas mostrar que parte dos radares da BR-381 – Belo Horizonte-João Monlevade, no Vale do Aço –, foram instalados como instrumentos de fachada, sem terem câmeras, flash ou ligações elétricas, o primeiro acidente sob um deles foi registrado,nessa quarta-feira , no km 427, em Caeté, Região Central de Minas – ninguém se feriu. Especialistas, policiais rodoviários e bombeiros alertam para o perigo que os aparelhos representam no trecho entre BH e Monlevade, já que a maioria dos condutores reduz a velocidade ao vê-los, sem saber que não estão ligados, ao passo que caminhoneiros e condutores que conhecem o trecho mantêm sua velocidade.
Segundo fontes do consórcio Supervias, que é o encarregado de implantar os detectores de velocidade na rodovia, apenas oito dos 18 radares que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) instalou entre janeiro e abril deste têm energia elétrica para funcionar. Além desses problemas, a reportagem encontrou cinco radares da rodovia visivelmente inoperantes. Apesar de terem placas informando sobre a fiscalização e os limites de velocidade – entre 60 km/h e 80 km/h –, os aparelhos não tinham os cabos de energia conectados, câmeras para registrar as infrações e flash para iluminar os flagrantes noturnos.
Segundo o especialista em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro, os radares sem funcionar, em meio a aparelhos que registram abusos de velocidade, funcionam por um tempo, mas, depois têm o efeito contrário. “Isso causa confusão e não ajuda a educar. O motorista que respeita a sinalização acaba sendo prejudicado. Corre perigo ao reduzir a velocidade, sendo que quem vem atrás continua rápido”, afirma. De acordo com a assessoria de imprensa do Dnit em Brasília, o prazo para instalação dos 24 radares prometidos para o trecho, até o fim de 2012, é o mesmo para o acionamento dos aparelhos que não funcionam.
Nessa quarta-feira, a empresa que instala os aparelhos seguia conectando cabos de energia subterrâneos nos aparelhos, mas sem acionar nenhum deles. Procurada, a PRF informou, por meio de sua assessoria de imprensa que não comentará sobre a situação dos radares inoperantes. A corporação alega que o assunto cabe apenas ao Dnit. Em fevereiro, o engenheiro supervisor do Dnit em Minas, Alexandre Oliveira, prometeu que 24 radares, 21 deles novos, estariam funcionando até 11 de abril, dentro do trecho de 108 quilômetros da BR-381 entre BH e Monlevade.
O pacote de radares do Dnit prevê a instalação de 410 equipamentos de controle de velocidade nas estradas que cortam o estado até 2012. A medida antecede a duplicação da via sinuosa – que ganhou o título de Rodovia da Morte devido à quantidade de acidentes fatais –, enquanto a solução definitiva, a duplicação, não se torna realidade. O prazo para a licitação dos projetos dos próximos dois lotes da obra termina neste mês.