Jornal Estado de Minas

Militar reformado envolvido em cárcere de menina em Contagem mantém silêncio

Polícia descarta a participação dele no sequestro, mas confirma que ele compactuou com o crime, mantendo-a em cativeiro

Daniel Silveira
O companheiro da mulher que sequestrou uma menina de 7 anos em Contagem, na Grande Belo Horizonte, preferiu o silêncio
Intimado a depor nesta quarta-feira na Delegacia de Desaparecidos, Jair Narciso de Lacerda, de 65 anos, se recusou a falar, afirmando que só irá se pronunciar perante a JustiçaHá 25 anos ele vive com Neli Maria Neves, de 53 anos, e a polícia acredita que ele esteja envolvido no sequestro e cárcere privado da criança e de uma jovem de 24 anos.

De acordo com a delegada que investiga o caso, Cristina Coelli Cicarelli, Jair não ajudou a mulher a atrair e sequestrar a menina durante uma feira de artesanato em ContagemPorém, ele teria ajudado a mantê-la na residência do casalAlém de sequestrarem a menina, o acusado foi a um cartório em São Joaquim de Bicas e registrou a menina como sua filha.

A delegada ouviu nesta quinta-feira duas pessoas que assinaram como testemunhas no registro de nascimento tardioSegundo a investigadora, uma delas disse ter pensado que era uma adoçãoA outra relatou que acreditava se tratar do registro da jovem que há 24 anos vive com o casal.

A polícia agora quer esclarecer qual o objetivo de Neli ao sequestrar a menina em ContagemEla teria alegado em depoimento que sua irmã, que estaria sendo acusada de homicídio, lhe pediu para cometer o crime, como forma de despistar a polícia.Não foi descartada a possibilidade de o sequestro estar relacionado ao tráfico de pessoas.

Drama

A jovem de 24 anos, apresentada por Neli como sendo sua filha, está sob responsabilidade do estado, em um local mantido sob absoluto sigiloDe acordo com a polícia, ela é acompanhada por uma equipe médica especializada em saúde mentalA jovem foi encontrada na casa de Neli apresentando confusão mentalHá suspeita de que ela era dopada pela mulher frequentemente


Um documento encontrado pelos investigadores mostra que a jovem é dependente de Jair por invalidezNeli alega que ela sofre de distúrbios mentaisPorém, a delegada disse que outros documentos pessoais da jovem mostram que ela era capaz de responder por seus atos.

A verdadeira história desta jovem é o principal mistério que a polícia tenta elucidarSegundo a polícia, a mãe biológica da jovem seria uma tia de NeliDuas hipóteses foram levantadas até o momentoUma delas, a de que a tia de Neli lhe concedeu a guarda da filhaA outra, de que Neli a roubou, sob ameaçaA polícia afirma que os pais biológicos da jovem já estão mortos.

Cárcere vigiado é o termo usado pela delegada Cristina Coelli para se referir à situação em que a jovem vive há 23 anosVizinhos da família afirmaram que ela nunca era vista andando sozinha pelo bairroA polícia descobriu que ela frequentou a escola até a 6ª série, mas depois passou a ficar totalmente reclusa.

Ainda segundo a delegada, mesmo que seja constatado que a jovem possui algum distúrbio psicológico, ela será chamada a prestar depoimento


(Com informações de Iana Coimbra, da TV Alterosa)