Jornal Estado de Minas

Estudantes da Ufop também abusam da bebida alcoólica em festas

Valquiria Lopes

O resultado do constante uso de bebidas alcóolicas por estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) tem repercutido não só nos levantamentos socioeconômicos do perfil do estudante, mas tem tido reflexo direto nas ocorrências policiais e no Ministério Público

De acordo com a Polícia Militar, entre janeiro e julho deste ano, 71 ocorrências policiais foram registradas tendo como objeto reclamações de perturbação do sossego feitas por moradoresO número já representa 77% do total registrado em 2010, quando foram somadas 92 ocorrências"Não temos dados referentes somente a repúblicas, mas a maior parte se refere a essas casas e também está ligada a festas em que há consumo de bebida alcoólica", afirma o capitão Laércio Jorge Marques, do 52º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Ouro Preto.

Centro Histórico


Entre as regiões que lideram o número de reclamações, o policial destaca o Centro Histórico e o bairro Bauxita, área onde está localizado o campus da universidade"São crimes considerados contravenção, mas que nunca resultam em uma punição efetivaTalvez por isso, sejam recorrentes e reincidentes nas repúblicas", dizEm atuações conjuntas com o Juizado de Menores e a Polícia Civil, os militares fazem operações em festas nas repúblicas para evitar o consumo de bebida alcóolica praticado por menores de idadeEm uma delas, cerca de 60 foram apreendidos"São festas organizados por estudantes universitários, com idade acima de 18 anos, mas que recebem menoresEles são levados para a delegacia e são liberados somente depois da presença de um responsávelMas as situações se repetem, pois eles vivem muito livres aqui, sem a presença da família", afirma o capitão.

Em Ouro Preto, os ministérios públicos federal e estadual também têm dado atenção sobre os estudantes universitários

Desde 2009, os órgãos desenvolvem trabalhos de orientação e recomendações conjuntas com a Ufop na tentativa de manter a destinação correta dos prédios públicos onde estão instaladas as repúblicas federais"Há dois anos recebíamos centenas de reclamações da comunidade sobre a realização de festas com obtenção de lucro na venda bebidas, hospedagem e abadás de blocos de carnavalTudo isso foi apurado e qualquer atividade econômica ficou proibida nesses locais por meio de recomendação conjunta dos MPs", explica a promotora Shermila Peres Dingra, da 2ª Promotoria de Ouro Preto.

Os números conhecidos pelo levantamento da Andifes são, de acordo com o reitor da Ufop, João Luiz Martins, importantes para conhecer quais políticas a universidade precisa melhorarSegundo ele, o perfil diferenciado do aluno da Ufop em relação à média nacional precisa ser tratado de forma mais específica"Temos o projeto Conviver com serviços de orientação em visitas nas repúblicas e com a vizinhançaTambém temos serviços de planejamento da vida acadêmica para os todos os alunos, mas com foco naqueles com problemas estudantis", diz.