O governo do estado admitiu incorreções na forma de pagamento dos professores e anunciou que vai fazer mudanças no sistema de remuneração dos profissionais da educação
Nesta segunda-feira, a secretária de Educação, Ana Lúcia Gazolla, adiantou que as mudanças vão corrigir as formas de incorporação de vantagens e benefícios nos salários e resgatar o tempo de exercício da atividade de cada profissionalQuando o estado mudou, em fevereiro deste ano, a forma de remuneração para o modelo de subsídio, os docentes com maior tempo de carreira foram prejudicados com a perda de alguns benefícios.
Desde junho, os professores da rede estadual estão em greve para exiger o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), estipulado pelo Ministério da Educação (MEC), que é de R$1.187,00O governo de Minas afirma que paga remuneração superior ao piso, o que é contestao pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute)A entidade afirma que o piso é de R$ 369,00O Ministério Público foi acionado para se posicionar sobre o impasse, mas ainda não se manifestou.
Alunos prejudicados
Os detalhes sobre as mudanças no projeto de remuneração dos professores foram discutidos na noite desta segunda-feira entre a secretária da Educação, Ana Lúcia Gazolla, e a secretária de Planejamento, Renata VilhenaA reunião teve início logo após Gazzola se reunir com a Federação das Associações de Pais e Alunos de Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg)A entidade cobrou do estado garantias de que os alunos da rede estadual voltem às salas de aula
“Fomos cobrar dela (secretária) mais agilidade para solucionar a greveNão fomos demonstrar apoio aos professores, menos ainda criticá-losFomos dizer que somos a parte mais improtante da educação, os alunos e a família, e exigimos retorno imediato às aulas”, relata o presidente da Fapaemg, Mário de Assis.
O Exame Nacional do Ensino Médio é a maior preocupação dos pais
A Fapaemg pediu à Secretaria de Educação que interceda junto à Justiça Federal para que a realização do Enem seja adiadaO Ministério da Educação já sinalizou que isso não será possívelAs provas serão aplicadas nos dias 22 e 23 de outubroPara garantir aos alunos aulas antes da realização do exame, a Secretaria de Educação de Minas decidiu contratar 3 mil professores substitutos somente para os alunos do 3º ano do Ensino Médio.
A entidade também pediu atenção da secretária para os outros alunos, que mudaram a rotina escolar e podem ter o ano letivo perdido“Como fica a situação dos alunos que só têm a escola para fazer uma refeição, ou daqueles que encontram na escola imunidade ao tráfico de drogas, à pedofilia e à violência? Cobramos da secretária que providencie também que os alunos das demais séries voltem à escola imediatamente”, destacou o presidente da Fapaemg"É claro que os outros anos também estão tendo prejuízos, mas ainda não podemos tomar medida similar à que foi adotada em reação ao 3º ano do ensino médio, pois não está caracterizado o quadro de dano irreparável de acordo com a lei de greve", esclareceu Ana Lúcia Gazolla.
Mário de Assis fez questão de destacar que na reunião com o governo não foi discutido o impasse sobre a remuneração dos docentesEle ratificou ter acionado o Ministério Público, órgão que tem competência para esclarecer, efetivamente, se o governo ou o Sind-Ute tem razão no debate sobre o piso da categoria“Cada um puxa a corda para o seu lado, e sobra para o pescoço do aluno
A reportagem tentou contato com a diretoria do Sind-Ute para saber se a categoria está disposta a receber as mudanças que serão propostas pelo estado como resposta às suas reivindicaçõesNo entanto, ninguém foi localizado para se pronunciar.