Moradores do Conjunto IAPI, no Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte, começam a pagar, no dia 5, a mão de obra da pintura dos edifícios do conjunto dentro do projeto de revitalização do complexo de 64 anos. Cada um dos responsáveis pelos 934 imóveis deve desembolsar R$ 163, divididos em nove parcelas, a partir de setembro. O total chega a R$ 153 mil.
“A revitalização das fachadas dos prédios e o fornecimento das tintas ficaram a cargo da iniciativa privada com apoio institucional da prefeitura. Várias empresas se uniram para viabilizar a ideia que não tem custo nenhum aos moradores. Porém, a parte de mão de obra para a pintura dos prédios ficou sob a responsabilidade da Associação dos Moradores do Conjunto IAPI, que levantaria fundos para custear essa parte”, afirma.
O presidente da associação, Carlos Alberto Júnior, confirma a informação e diz que busca patrocinadores para essa parte da obra. “O custo total da mão de obra é de R$ 193 mil. Conseguimos R$ 40 mil com uma empresa e ainda falta o restante. Como ainda não temos outros parceiros e precisamos pagar as parcelas para a obra continuar, o valor foi dividido para os moradores”, diz o presidente.
Ele acredita que a quantia não deve comprometer as finanças dos moradores. “Se lembrarmos que estamos isentos do IPTU e taxa de limpeza há dois anos por conta do tombamento do conjunto, o valor acaba se tornando irrisório, pois os moradores vão ganhar muito com a obra, principalmente na valorização dos imóveis”, conclui.
Reforma
Alguns moradores do conjunto, que preferirem o anonimato, não se opõem ao pagamento, mas não gostaram da modo como tudo foi feito. Segundo eles, o prefeito Márcio Lacerda foi ao conjunto e não deixou claro que a comunidade também teria de investir na reforma.
A prefeitura explica que participou do processo autorizando a adoção do conjunto pelas empresas e que sua responsabilidade é de fiscalizar, pedir adequações e fazer a limpeza depois da revitalização. Segundo a PBH, as incumbências de cada parte não foram diretamente relacionadas e a presença da associação no acordo seria importante para garantir que os condôminos se envolvessem com as obras. A prefeitura acrescenta que a revitalização do IAPI é um projeto caro, pois envolve não também reboco e andaimes.
Você se lembra?
Perspectiva de custo zero
Em 7 de maio, quando o prefeito Marcio Lacerda abriu solenidade de comemoração dos 64 anos do IAPI, anunciando o início da pintura dos nove prédios, os 5,4 mil moradores tinham certeza de que nada desembolsariam para custeio da obra de revitalização. Para eles, todo o custo seria coberto pela parceria envolvendo empresas e entidades, como primeiro empreendimento contemplado pelo programa Adote um bem cultural, da Fundação Municipal de Cultura. Mesmo em 13 de abril, quando foi anunciada a parceria entre empresas e a prefeitura, nada foi falado sobre a participação dos moradores. Na ocasião, também foi anunciado que o colégio, a Igreja de São Cristóvão e a quadra esportiva, que funcionam dentro do complexo, iriam ganhar novo acabamento, sem despesas para os moradores.