Há 87 dias em greve, professores da rede estadual vivem uma quebra na rotina profissional. Alguns intensificam as atividades físicas e muitos se envolvem com novos projetos. Porém, nada substitui a presença na escola. A espera pelo retorno às aulas angustia os profissionais que sentem, principalmente, a falta dos alunos.
Roselane Gomes dos Anjos, 42, é professora de língua portuguesa da Escola Estadual Barão do Rio Branco, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ela afirma que não está feliz com o afastamento da sala de aula, mas acredita na greve com o única forma de protestar. A educadora, que aderiu à paralisação há uma semana, procurou uma forma de amenizar o transtorno. “Eu sou mãe de quatro filhos. Minhas rotina não muda muito, mas acontece que você perde o pique de acordar cedo. Estou intensificando minha atividade física. Só podia caminhar 30 minutos por dia. Agora estou caminhando e andando de bicicleta”, conta a professora.
O professor Wender Rone, 32, está aproveitando a paralisação para refazer novos planos de aula na expectativa de melhorar a qualidade do ensino quando voltar às salas. Ele leciona geografia há oito anos na Escola Estadual Alizon Themoter Costa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana. “A greve mudou minha rotina. Estou acostumado com um ritmo e agora fico em casa ansioso, esperando”, disse o servidor.
Rotina
O que mais incomoda a professora de física Carla Lazarroti, 52, é a falta de contato com os alunos. “Sinto falta. Tenho Facebook e Orkut, os alunos me mandam mensagem. Dar aula é uma missão que a gente tem. Criei um vinculo afetivo com os alunos, mesmo os mais difíceis, aqueles que a gente tenta recuperar”, desabafa a professora. Além de participar de algumas atividades propostas pelo sindicato, em apoio à greve, ela se dedicou ao desenvolvimento de um projeto para melhoria da aprendizagem. A servidora está trabalhando a ideia com a filha, que é fonoaudióloga, e pretende levar a novidade para as salas da Escola Estadual Cândido Cabra, no Bairro Alto dos Pinheiros, onde trabalha há cinco anos.
Mesmo mobilizado pelas causas da greve, o professor de língua portuguesa José Romeu Almeida, 49, sente na pele o que pais de centenas de estudantes mineiros passam nesses 87 dias. “Eu também sou pai e tenho filho em escola pública. Eles também estão sem aula. Todos infelizmente perdem com isso. Todos infelizmente penam, mas é a única maneira que temos de chamar atenção dos governantes. José Romeu trabalha nas escolas Estadual Pedro Evangelista e João Ferreira de Freitas, em Ibirité, na Grande BH. Ele entrou em greve no dia 8 dia, data em que o movimento foi oficialmente anunciado pelo Sind-UTE.