No estado onde mais da metade dos 853 municípios corre risco crítico de arder em chamas, segundo boletim do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado nessa sexta-feira, as notícias anunciadas por quem tem a responsabilidade de atuar no combate às chamas em Minas não são animadorasO Corpo de Bombeiros admitiu nessa sexta-feira que está trabalhando no limite da capacidade de resposta às ocorrências de incêndios e queimadas e que passou a priorizar locais onde o fogo põe pessoas em risco e há áreas de preservação ambientalA decisão foi tomada mesmo depois de o efetivo operacional de 3,6 mil homens que atua no estado ter recebido reforço de 20% dos 2,1 mil funcionários do setor administrativo, o que representa 420 combatentes
A convocação não é inédita na história da corporação, mas, de acordo com o capitão Frederico Pascoal, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, se diferencia de outros anos por não ser suficiente para atender toda a demanda de chamados diáriosApesar de afirmar que a situação deve se manter, o capitão alertou que ocorrências de combate a incêndio em vegetação podem até mesmo deixar de ser atendidas ou ter que esperar um pouco mais de tempo
Conforme o levantamento do Inpe, feito com base em análises de satélites, são 452 cidades mineiras com o mais alto nível de alerta contra queimadasIsso corresponde a 53% do total do estado e a 25% dos 1.820 cidades brasileiras que enfrentam o mesmo problemaÉ como se uma de cada quatro localidades criticamente ameaçadas por incêndios estivesse em Minas, o maior índice do paísOs dois estados que registram mais municípios em ameaça crítica de incêndio, depois de Minas, são Bahia (399) e Mato Grosso (128).
As análises de satélite do Inpe confirmam os relatórios do Corpo de BombeirosApesar de Minas ter registrado número menor de focos de calor entre janeiro e julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado – foram 5.501 contra 4.553 –, a média de ocorrências diárias de combate ao fogo atendidas somente na Grande BH desde a segunda quinzena de agosto até agora já é recordista nos últimos quatro anosO levantamento se refere ao combate ao fogo em lotes vagos e unidades de conservação ambiental no período considerado crítico da seca
“Esse aumento significativo tem relação com o último período chuvoso, que foi prolongado e fez com que a vegetação crescesse muitoPor outro lado, os índices de umidade relativa do ar estão batendo recordes de queda e isso afeta diretamente o combateCom o tempo mais seco, as chances de um incêndio ocorrer são ainda maiores”, explica
Descanso
Mesmo com o reforço de cerca de 3 mil brigadistas formados desde 2009 pelo Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio), o trabalho ainda tem sido muito desgastante para os combatentes do Corpo de Bombeiros, conforme o capitão“Chegamos ao topo e temos que respeitar o cansaço dos militares e os horários de folga delesOs deslocamentos durante o trabalho são grandes, as condições de relevo são desfavoráveis e o trabalho exige força
A subsecretária de Estado de Meio Ambiente, Marília Melo, confirma que a situação em Minas é realmente crítica em relação ao combate a incêndios e que a capacidade de atendimento dos brigadistas que reforçam o trabalho dos bombeiros também atingiu o limiteNo entanto, ela não acredita que a situação fuja do controle operacional