As últimas cenas intoleráveis começaram com uma provocação de um grupo de inspiração nazista, os skinheadsDois deles foram esfaqueadosNa calada da noite, voltaram em busca de vingança e machucaram dois jovens homossexuaisCorreu nas redes sociais que as madrugadas de quinta-feira e a sexta-feira seriam de vingança e violência na Praça da LiberdadeNão foi assim, mas isso não é garantia de sossego naquele que já foi um inspirador paraíso de palmeiras, pássaro e flores, cercado de história.
A ameaça de batalha levou a polícia a também marcar território na praça, para tranquilidade de quem a usa para caminhar, respirar ou namorarNa noite de quinta-feira, diante da presença de uma dupla de PMs do 1º Batalhão e dois guardas municipais, jovens casais se arriscaram a trocar carícias nos bancos dos jardinsRapaz com moça, mulher com mulher, homem com homem.
Na noite e na madrugada de quinta-feira, nenhuma tribo bateu ponto na praçaOs caminhantes agradeciam o policiamento“Deveria ser assim em todos os dias
Na sexta-feira, agitaçãoA praça foi invadida por metaleiros, góticos, blackmetals e trashmetalsGente que idolatra grupos musicais como Matanza, Sepultura, Iron Maiden e não despreza Jimi Hendrix, Janis Jolin e Pink FloydMas gente que vê os emos com reserva“Não dá, ‘véi’Eles gostam de RestartAquilo é música?” Axé, pagode e sertanejo também não entram na dieta musical desses gruposGente que repudia e teme a presença violenta e “ariana” dos skinheads“Eles estupram, agridem, matam
Metaleiros, góticos, blackmetals, trashmetals e afins se vestem de negro, usam bota pretas com adornos de metalPoderiam se perfeitamente confundidos com emos, pelos desavisados, mas não sãoInvadiram a praça, vigiada na sexta-feira por duas guarnições motorizadas da PM e uma da Guarda Municipal, para o que chamam de Orkontro (marcado via Orkut)“A gente é do bemConvocamos todas as tribos para esta reuniãoTodos serão bem-vindos, até os emos…” Todos, não, os skinheads, de cabeça raspada, calça e botas militares, são exceção“Eles são altos, fortes, andam armados e atacam todos, principalmente negros, homossexuais, idosos e mendigos.”
E como foi o atrito entre vocês e os skinheads? “A gente estava aqui numa boaEles chegaram e quebraram o violão de um meninoOs metaleiros reagiram e dizem que dois deles ficaram feridosEram poucos mas muito fortesSe não fossem os metaleiros...” Como os carecas não foram à Liberdade na policiada sexta-feira – a irracionalidade é ignorante, mas não burra –, nem estavam à vista em outras praças, ficam sem a sua versão dos fatos.