Uma campanha de três décadas começa a colher os frutos da fé, devoção e persistênciaEm 15 de outubro, em Belo Horizonte, será aberto o processo de beatificação da Irmã Benigna Victima de Jesus (1907-1981), a Irmã Benigna, mineira de Diamantina e conhecida como “santa da hora, da fartura e da salve-rainha”A cerimônia será às 9h, na Igreja de Santa Tereza, no Bairro Santa Tereza, na Região Leste, com a presença do arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo e do postulador da causa, o italiano Paolo Vilotta, o mesmo de Irmã Dulce (1914-1992), beatificada em maio em Salvador (BA)Com autorização da Congregação das Causas dos Santos, do Vaticano, dom Walmor já publicou o edital que permite a investigação sobre “a vida, virtude e a fama de santidade da serva de Deus”
Nessa segunda-feira, na capital, a vice-postuladora, irmã Tereza Cristina Leite, residente no Rio de Janeiro (RJ), informou que em seguida à abertura do processo o tribunal diocesano vai promover sessões a fim de ouvir o testemunho daqueles que receberam milagres, conviveram com a religiosa ou podem ajudar nas apuraçõesIrmã Benigna, que integrou a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, fundada em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é mais uma pessoa de vida religiosa, com atuação em Minas, na lista dos candidatos a beatos e, na sequência, à canonização, o que significa se tornar santo
O mais recente foi o ex-arcebispo de Mariana, dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006), que teve o pedido de abertura do processo feito no mês passado com apoio integral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)Há também o processo em andamento de Madre Tereza Margarida do Coração de Maria (1915-2005), fundadora do Carmelo de São José, em Três Pontas, no Sul de Minas; Padre Victor (1827-1905), natural de Campanha e morador muitos anos de Três Pontas, sendo chamado de “anjo tutelar da cidade”; Monsenhor Alderigi de Santa Rita de Caldas; Nhá Chica, de Baependi; irmã carmelita Madre Maria Imaculada, fundadora do Carmelo da Sagrada Família, de Pouso Alegre; e Cônego Lafayette, nascido no Serro e com atuação em Santa Maria do Suaçuí
Os belo-horizontinos assistiram, em 15 de junho de 2006, à cerimônia de beatificação de Padre Eustáquio (1890-1943), holandês que viveu no país quase duas décadas e marcou pela obra social e espiritual em Belo Horizonte, Triângulo Mineiro e São PauloA causa de canonização está em andamento, sendo uma dos relatos mais importantes o de uma mulher que teria sido curada, por milagre e intercessão do beato Padre Eustáquio, de câncer nos pulmõesO único santo 100% brasileiro, até hoje, é Frei Galvão (1739-1822), que teve cerimônia de canonização, presidida pelo papa Bento XVI, em São Paulo, em 11 de maio de 2007.
Missa
A notícia de abertura do processo de beatificação de Irmã Benigna enche de satisfação os mineiros, que já a consideram uma santa por não fazer distinção entre pobres e ricos e pelos serviços como enfermeira, a humildade e ações em Caeté, Sabará, Itaúna, Lavras e outras cidades
O casal Adelmo e Edna Batista da Silva Melo, morador do Bairro Horto, na Região Leste, tem comparecido às missas das segundas-feiras e agradece a intercessão de Irmã Benigna“Ela é a santa a primeira graça, a santa da hora, que atende de imediatoO meu filho havia acabado de perder o emprego, eu vim aqui no ano passado e pedi que ele retornasse à empresa Foi impressionante, pois no mesmo horário em que rezei e fiz a solicitação ele foi chamado de volta”, contou Edna, que é professora Carregando uma vela com a figura da freira em alto relevo, a dona de casa Fátima Couto, viúva, moradora do Bairro Bonfim, diz que participa das missas há 24 a nos e resolveu muitas questões familiares com suas orações“Ela merece ser santa”, afirmou
Dons
A empresária Belquis Campolina França Ferreira, autora junto com Maria do Carmo de Souza Figueiredo Mariano, ambas da AmiBen, do livro As mais belas histórias de Irmã Benigna, diz que a religiosa merece se tornar beata pelos seus dons extraordinários e vida de santidadeQuem conheceu a irmã não se esquece do seu carisma e trabalho
Passo a passo
Os processos de beatificação não têm data certa para terminarNo caso do beato padre Eustáquio, por exemplo, durou quase cinco décadas
Os processos só começam com autorização do Vaticano e pelo menos cinco anos após a morte do candidatoÉ preciso que haja um clamor da população e uma fama de santidade
Quando começa o processo, a pedido de uma congregação, diocese ou outra instituição ou ordem religiosa, o candidato pode ser chamado de “servo ou serva de Deus”É preciso haver um milagre comprovado e que a medicina não consiga explicar, além de declaração de graças alcançadas
O primeiro título concedido pelo Vaticano é o de beato, que autoriza o culto público da pessoa
Quando termina o processo de beatificação, começa o de canonização (tornar-se santo), sendo necessária a comprovação de outro milagre