Jornal Estado de Minas

Governo vai contratar mais 12 mil professores para substituir grevistas

Medida foi tomada para reduzir impacto da paralisação no calendário escolar de 2011

João Henrique do Vale Glória Tupinambás

O Governo de Minas anunciou, na tarde desta quarta-feira,  que vai contratar 12 mil professores para todas as séries do ensino fundamental e médio

Eles vão substituir os educadores que estão em greve há 99 diasA resolução será publicada na edição de quinta-feira no “Minas Gerais”, diário oficial do governo.

As contratações serão feitas para diminuir os impactos no calendário escolar de 2011 e 2012Serão seguidas as mesmas regras usadas para a constratação de professores que lecionam no 3º anoNo mês passado, o governo decidiu chamar 2 mil profissionais para substituir grevistas e evitar que estudantes que vão participar do Enem, em outubro, e de provas de vestibular no fim do ano, sejam ainda mais prejudicados pelo movimento.

“Não podemos mais esperar, pois qualquer atraso agora traria impactos nos próximos dois anos letivos, o que é inaceitávelEstamos usando um procedimento habitual e embasado na legislação, em defesa do direito dos cidadãosNosso último levantamento aponta que há 13,6 mil professores paradosComo já contratamos cerca de 2 mil para atender as turmas de 3º ano do ensino médio, vamos fazer agora mais 12 mil designações”, afirma a Secretária de Educação de Minas Gerais, Ana Lúcia GazzolaSegundo a SEE, caso termine o impasse e os grevistas retornem ao trabalho, a intenção é que os substitutos ajudem na reposição de conteúdo e nas aulas de reforço aos estudantes.

Críticas

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) recebeu a informação das contratações como uma afronta do governo“Isso é mais uma legislação desrespeitosa do estadoEstamos amparados no direito de greve
Eles não podem contratar ninguém para substituir os professoresNa primeira vez eles usaram o Enem como desculpa, quero ver o que vão dizer agora”, afirma o coordenador de comunicação do sindicato, Paulo Henrique Santos Fonseca

Mesmo com a medida, o Sind-UTE/MG não crê que a paralisação seja enfraquecida“O governo não vai abalar nosso movimentoVamos continuar com a greve”, disse Fonseca

O último levantamento feito pela Secretaria de Estado de Educação aponta que 44 escolas estão totalmente paradas, em um total de 3.779 instituiçõesSegundo o governo, menos de 10% dos 183 mil professores aderiram à paralisação.

Projeto de lei

Deputados de Minas Gerais discutem o Projeto de Lei (PL) 2.355/11, enviado pelo Executivo estadual, que revê a política remuneratória dos professoresO PL contempla as propostas de subsídio de R$ 1.122 (o valor incorpora, numa única parcela, todas as vantagens e, por isso, o servidor não terá mais as gratificações) e de R$ 1.320 para aqueles com licenciatura plenaTambém está previsto o piso de R$ 712,20 para uma jornada de 24 horas, a ser pago a partir de janeiro

Os servidores da educação, em greve há 99 dias, querem o cumprimento imediato do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), de acordo com a Lei Federal 11.738, que regulamenta o salário
Uma assembleia da categoria será realizada na quinta-feira às 14h para definir os rumos da greve