Jornal Estado de Minas

Com eventos e cuidados de beleza, mulheres celebram 30 anos na polícia mineira

Elas trocaram saias, sandálias e maquiagem por coturnos e representam bem a PMMG

Arnaldo Viana

A mulher representa, na questão da segurança pública, inserção de maior sensibilidade no trato com as necessidades da comunidade - Marianna Atatília, primeira-tenente - Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press. Brasil

Há 30 anos, a mulher mineira conseguiu entrar em um mundo até então estritamente masculino e de sentimentos rudesEm 1º de setembro de 1981, elas, ainda em pequeno número, invadiram, no bom sentido, os quartéis da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)Trocaram saias, sandálias e maquiagem por coturnos e fardas amarelas e de lá não mais saíramDeram à corporação uma injeção de sensibilidade, leveza, flexibilidade e compartilhamentoA iniciativa deu certo e o olhar feminino ganhou uma página na cartilha da segurança pública do estado.

Essa abertura não amoleceu o coração da PMMG na sua missão de recolher o mal das ruas e levá-lo para o devido lugarApenas mudou conceitosTanto que para comemorar essas três décadas de portas abertas ao mundo feminino a data escolhida para o início das solenidades foi o Dia da Beleza, 19 de setembro“Estamos festejando em cinco dimensões: o conhecimento, a beleza, a saúde, o compromisso militar e a alegria”, diz a coronel Neuza Maria Aparecida Mendes, diretora de saúde da corporação.

O conhecimento veio de um seminário, ontem de manhã, com participação da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal (STF); a beleza entrou em cena à tarde, com trato nos cabelos (escova e luzes), limpeza de pele, maquiagem e massagem; a saúde é tema de hoje em uma caminhada no Parque Ecológico Francisco Lins do Rêgo, na Pampulha; a reafirmação profissional será à tarde em solenidade cívico militar; e a alegria vai correr solta à noite em um baile no Labareda Atlético Clube.

Em meio a esteticistas, maquiadoras, cabeleireiras, elas sentiram à vontadeVaidade à flor de pele“Um momento para tratar da feminilidade, de cuidar do corpo e da menteElas são soldados, mas precisam também ser mulheres, se valorizar como mulheres”, conta a coronel Neuza, que teve a primeira experiência como militar em um quartel do 1º Batalhão, no qual só havia homens

“A pergunta que se fazia era: será que ela vai dar conta do serviço? Como não fui lá para enfeitar, mas para somar, podemos dizer hoje que deu certo.”

FAMÍLIA Bonita, solteira, sonhadora, 25 anos, a 1º tenente Marianna Atatília confiou os cabelos a uma cuidados de uma profissional“A mulher representa, na questão da segurança pública, inserção de maior sensibilidade no trato com as necessidades da comunidadeEla tem mais facilidade para identificar carências e problemas.” Há três anos na corporação, elas acrescenta à relevância das características femininas um forte senso de profissionalismo e dedicação“O baile, hoje, vai marcar nossa alegria por pertencermos a esta família.”

A tenente Maria Inês de Campos Orlando, de 52, e a major Márcia Antônia da Silva, de 50, estavam entre as 112 mulheres aprovadas na primeira seleção da PM, em 1981Garante que não tiveram dificuldade em superar a desconfiança masculina nos quartéis“A questão era se iríamos cumprir bem nosso papelSaíamos às ruas sob olhares curiosos, mas sempre respeitosos, sem preconceito, e hoje podemos dizer que demos certo”, afirma Maria Inês, com aprovação de Márcia Antônia“Se precisar revistar homens a gente revista, faz parte do nosso trabalhoE, geralmente, o constrangimento maior é deles”, diz Antônia.

O entusiasmo das duas, que construíram carreira e família vestidas de farda e coturno, anima Yara Gabrielle Tavares Mais, de 19, há oito meses na corporação“Fui influenciada pelo meu pai, militar
As histórias e a trajetória dele me incentivaram.” Yara espera fazer carreira num universo que já representa 10% do efetivo de cerca 40 mil militares da PM