O aposentado Juarez José da Silva, de 73, também apoia a iniciativaAlém de fazer parte da rede, ele reforçou a segurança em casa, colocando cerca elétrica em todo o muro“Já havia lido sobre o projeto antes de ele ser implantado e achei muito bomSegurança nunca é demais”, declara.
Já em Sete Lagoas, na Região Central, que detém um índice alto de crimes violentos, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com 21,7 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes (dados de 2010), a Rede de Vizinhos Protegidos foi implantada em 2007, de forma tímida, em apenas três ruas
SENSAÇÃO DE SEGURANÇA
Segundo ele, há registros de queda de até 90% de ocorrências nas ruas onde foi adotado o programa“As pessoas se sentem mais segurasMas não é só issoElas se integram mais entre si e o relacionamento com o policial também mudaAlguns acabam virando amigos”, revela o militarPara uma rua fazer parte da rede, é preciso que pelo menos cinco casas adotem o programaÉ eleito um líder, que deve ter contato direto com a PM e participar de uma reunião mensal no batalhão local.
Luciana Aparecida de Abreu Reis é a líder da Rua Varsóvia, no Bairro Jardim Europa, e ingressou na Rede de Vizinhos Protegidos em junho de 2010Ela coordena o sistema em cerca de 30 casas e afirma que se sente muito mais segura depois de abraçar o projetoAntes, segundo seu relato, eram constantes principalmente os pequenos roubos nos quintais e arrombamentos de casas
Proteção a todo custo
Dados oficiais da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) , relativos ao ano passado, mostram que a taxa média mensal de crimes violentos nos municípios com população superior a 100 mil habitantes é bem próximo daquele verificado para o total do estado, no último triênio, o que demonstra a concentração desse tipo de crime em cidades maioresMas, nesse período, apresentou redução de 27,5%As médias mensais foram 51,28, 42,73 e 37,19 para 2008, 2009 e 2010, respectivamente.
Nas cidades com população entre 100 mil e 250 mil habitantes, a campeã em criminalidade em 2010 foi Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com taxa média mensal de 24,33 crimes para cada 100 mil pessoas, seguida por Ipatinga (23,47), no Vale do Aço, Sete Lagoas (21,7), na Região Central, e Santa Luzia (19,71), na Grande BHNa lista das mais preocupantes, Santa Luzia apresentou aumento da taxa média mensal de crimes violentos de 2,2% no comparativo com 2009, assim como Coronel Fabriciano (62,4%), no Vale do Aço, Itabira (10%), na Região Central, e Pouso Alegre (45,03%), no Sul de Minas.
Para se blindar desses problemas, cada um se protege como podeCaso da médica Sandra Torres Guerra Camilo de Oliveira, de 49 anos, que optou por morar num condomínio fechado em ItabiraO local tem uma guarita no meio da rua e, para entrar, é preciso passar pelo segurançaO fenômeno está tomando conta da cidade, que já tem três condomínios nesse estilo“Optei pela segurançaNunca fui vítima de assaltos, mas conheço várias pessoas que passaram por issoO problema está por todo lugar e, daqui a pouco, estaremos cercados”, diz Sandra.
No Bairro 14 de Fevereiro, as ruas são abertas, mas a maioria das casas tem cerca elétrica e muros altosUma delas é a do aposentado João Flaviano Machado, de 58Depois da experiência de um assalto na outra casa onde morava, ele prefere não pecar pelo excesso de prevençãoA família é orientada a não abrir o portão a qualquer pessoa e, se viaja, ele logo avisa outro morador, como parte das ações da Rede de Vizinhos Protegidos“Nos anos 1980 podíamos andar em Itabira a qualquer hora a péHoje, a cidade não é mais tão tranquila”, relata.
A empresária Rosely Cavanholi Vital de Almeida, de 35, também sente saudades do tempo da cidade pacataAlém da cerca elétrica, ela se vale da vigilância por câmeras para garantir a segurança da famíliaExperiências servem como base: criminosos assaltaram o bar do qual era sócia e levaram mercadoria e dinheiro“Com a rede, os vizinhos tomam conta uns dos outros, sem interferir na vida de cada um, pois nós somos a própria câmera vivaO patrimônio maior é a nossa vida e, afastando os bandidos, afastamos o perigo contra a família”, diz.