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Estado de Minas

Divinópolis e Sete Lagoas também adotam a Rede de Vizinhos Protegidos

Os moradores já percebem queda no índice de furtos e arrombamentos


postado em 26/09/2011 07:00 / atualizado em 26/09/2011 07:32

Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, a Rede de Vizinhos Protegidos foi implantada em 2008 e já se instalou em 20 bairros. A exemplo de Itabira, quem faz parte da rede está satisfeito com a iniciativa. É o caso do motorista Geraldo Antônio de Souza, de 56 anos, que acompanha o projeto desde a implantação. Ele conta que, antes da união dos vizinhos, os assaltos eram comuns no bairro onde mora. “Hoje melhorou muito. Antes, nós saíamos e, na volta, encontrávamos a casa revirada. Agora isso não ocorre mais. Nunca precisei usar o apito, mas estou sempre atento e os vizinhos também”, afirma.

O aposentado Juarez José da Silva, de 73, também apoia a iniciativa. Além de fazer parte da rede, ele reforçou a segurança em casa, colocando cerca elétrica em todo o muro. “Já havia lido sobre o projeto antes de ele ser implantado e achei muito bom. Segurança nunca é demais”, declara.

Já em Sete Lagoas, na Região Central, que detém um índice alto de crimes violentos, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com 21,7 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes (dados de 2010), a Rede de Vizinhos Protegidos foi implantada em 2007, de forma tímida, em apenas três ruas. Quatro anos depois, ganhou corpo e já abrange 150 ruas e a estimativa de 2,2 mil residências. “Calculo que cerca de 9 mil pessoas seriam atendidas diretamente pelo projeto na cidade, fora as indiretas, pessoas que moram na mesma rua, mas que não participam das reuniões, mas também são beneficiadas”, estima o coordenador da rede no municÌpio, o cabo Francislei Luiz Mercís.

SENSAÇÃO DE SEGURANÇA

Segundo ele, há registros de queda de até 90% de ocorrências nas ruas onde foi adotado o programa. “As pessoas se sentem mais seguras. Mas não é só isso. Elas se integram mais entre si e o relacionamento com o policial também muda. Alguns acabam virando amigos”, revela o militar. Para uma rua fazer parte da rede, é preciso que pelo menos cinco casas adotem o programa. É eleito um líder, que deve ter contato direto com a PM e participar de uma reunião mensal no batalhão local.

Luciana Aparecida de Abreu Reis é a líder da Rua Varsóvia, no Bairro Jardim Europa, e ingressou na Rede de Vizinhos Protegidos em junho de 2010. Ela coordena o sistema em cerca de 30 casas e afirma que se sente muito mais segura depois de abraçar o projeto. Antes, segundo seu relato, eram constantes principalmente os pequenos roubos nos quintais e arrombamentos de casas. “Hoje, tenho uma sensação maior de segurança, além de saber como me cuidar para prevenir os assaltos”, enfatizou Luciana.

Proteção a todo custo

Dados oficiais da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) , relativos ao ano passado, mostram que a taxa média mensal de crimes violentos nos municípios com população superior a 100 mil habitantes é bem próximo daquele verificado para o total do estado, no último triênio, o que demonstra a concentração desse tipo de crime em cidades maiores. Mas, nesse período, apresentou redução de 27,5%. As médias mensais foram 51,28, 42,73 e 37,19 para 2008, 2009 e 2010, respectivamente.

Nas cidades com população entre 100 mil e 250 mil habitantes, a campeã em criminalidade em 2010 foi Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com taxa média mensal de 24,33 crimes para cada 100 mil pessoas, seguida por Ipatinga (23,47), no Vale do Aço, Sete Lagoas (21,7), na Região Central, e Santa Luzia (19,71), na Grande BH. Na lista das mais preocupantes, Santa Luzia apresentou aumento da taxa média mensal de crimes violentos de 2,2% no comparativo com 2009, assim como Coronel Fabriciano (62,4%), no Vale do Aço, Itabira (10%), na Região Central, e Pouso Alegre (45,03%), no Sul de Minas.

Para se blindar desses problemas, cada um se protege como pode. Caso da médica Sandra Torres Guerra Camilo de Oliveira, de 49 anos, que optou por morar num condomínio fechado em Itabira. O local tem uma guarita no meio da rua e, para entrar, é preciso passar pelo segurança. O fenômeno está tomando conta da cidade, que já tem três condomínios nesse estilo. “Optei pela segurança. Nunca fui vítima de assaltos, mas conheço várias pessoas que passaram por isso. O problema está por todo lugar e, daqui a pouco, estaremos cercados”, diz Sandra.

No Bairro 14 de Fevereiro, as ruas são abertas, mas a maioria das casas tem cerca elétrica e muros altos. Uma delas é a do aposentado João Flaviano Machado, de 58. Depois da experiência de um assalto na outra casa onde morava, ele prefere não pecar pelo excesso de prevenção. A família é orientada a não abrir o portão a qualquer pessoa e, se viaja, ele logo avisa outro morador, como parte das ações da Rede de Vizinhos Protegidos. “Nos anos 1980 podíamos andar em Itabira a qualquer hora a pé. Hoje, a cidade não é mais tão tranquila”, relata.

A empresária Rosely Cavanholi Vital de Almeida, de 35, também sente saudades do tempo da cidade pacata. Além da cerca elétrica, ela se vale da vigilância por câmeras para garantir a segurança da família. Experiências servem como base: criminosos assaltaram o bar do qual era sócia e levaram mercadoria e dinheiro. “Com a rede, os vizinhos tomam conta uns dos outros, sem interferir na vida de cada um, pois nós somos a própria câmera viva. O patrimônio maior é a nossa vida e, afastando os bandidos, afastamos o perigo contra a família”, diz.


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