Com informações de Sandra Kiefer, Flávia Ayer e Landercy Hemerson
Depois de 112 dias de muito impasse, os professores da rede estadual decidiram aceitar uma nova proposta de negociação feita pelo Governo de Minas e voltar ao trabalho. Por volta das 23h35 desta terça-feira, a categoria definiu em assembleia aceitar as garantias de que não haverá qualquer tipo de retaliação aos grevistas e de aprimoramento da remuneração da categoria. Ficou definido que as aulas serão totalmente restabelecidas a partir desta quinta-feira. Esta foi a mais longa paralisação da história de Minas Gerais.
Para dar fim à greve, foi firmado entre o governo e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) um termo de compromisso que prevê:
-A suspensão da paralisação parcial dos servidores de educação da rede pública estadual e o imediato retorno dos professores às salas de aula;
-A suspensão da tramitação do Projeto de Lei enviado pelo Governo de Minas à Assembleia Legislativa e a suspensão da aplicação de novas penalidades que seriam adotadas em decorrência da ilegalidade da paralisação decretada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal;
-A formação de uma comissão de negociação composta por parlamentares e por representantes do Sind-UTE/MG e do Governo de Minas. Esta proposta é a mesma que havia sido apresentada pelo Governo de Minas ao Sindicato, em reunião realizada em julho de 2011 com a presença de parlamentares.
Segundo o governo, a comissão de negociação que será formada contará com a presença de seis parlamentares, além dos representantes do Poder Executivo e do Sind-UTE. Ela irá discutir o aprimoramento e o reposicionamento na tabela salarial da carreira da educação, tanto no modelo de remuneração por subsídio como no antigo. Os reajustes serão escalonados entre 2012 e 2015.
A condição básica para validação do termo era a suspensão imediata da greve. A partir de então, o governo garante que a comissão, que será instituída por meio de uma resolução publicada imediatamente. Os trabalhos da comissão terão início 24 horas após a sua constituição.
A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, disse que a disposição do governo de negociar melhorias na carreira com base no tempo de serviço e formação acadêmica no modelo antigo de remuneração contribuiu para a suspensão da greve. “Vamos no reunir na quinta-feira (amanhã) com governo e Legislativo para definir a comissão que discutirá as propostas que certamente farão parte do projeto de lei”, afirmou.
A secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola, comemorou o fim da greve. “Estamos propondo desde julho a criação dessa comissão entre governo, sindicato e parlamentares para discutir o subsídio e o regime antigo”, afirmou. Ela assegurou que os dois modelos já garantem uma diferenciação salarial entre as diversas formações acadêmicas dos professores.