O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou os sócios da Hipolabor por mais um crime. Dessa vez, os donos do laboratório farmacêutico são acusados de irregularidades na comercialização dos produtos. Mesmo proibidos de vender medicamentos, a empresa anunciou em seu site que os remédios estavam liberados para venda.
O presidente da indústria, Ildeu de Oliveira Magalhães, e o químico Renato Alves da Silva foram presos em 12 abril deste ano durante a Operação Panaceia. Ela investigou o enriquecimento ilícito da empresa e denúncias de mortes de dois pacientes que usaram remédios falsificados e adulterados. Por decisão da Justiça, os sócios foram soltos poucos dias depois.
Em nota, a empresa informou que a denúncia não está ligada à operação Panaceia. Segundo a Hipolabor, a nova acusação é uma "mera divergência" de interpretação do Ministério Público de Minas Gerais quanto à extensão de medidas administrativas de restrição temporária de comercialização de alguns produtos.
As investigações realizadas durante a operação constataram que a empresa mantinha em depósito e comercializava medicamentos e insumos sujeitos a controle rigoroso sem a Autorização Especial, emitida pelo Ministério da Saúde. Os insumos e medicamentos eram registrados irregularmente, junto com produtos de outra unidade da empresa. Os donos foram acusados de homicídio, tráfico de drogas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel para fraude em licitações e adulteração de medicamentos.
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Entenda o caso
Novembro de 2009
Ministério Público de Minas Gerais (MPE) inicia investigação de denúncias de adulteração em medicamentos da Hipolabor.
12 de abril
Força-tarefa formada pelo MPE, Receita Estadual, Ministério da Justiça, polícias Civil e Militar e Anvisa deflagra Operação Panaceia para desmonte do esquema de adulteração da Hipolabor.
São presos o presidente do laboratório, Ildeu de Oliveira Magalhães, e o químico Renato Alves da Silva, acusados de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel para fraude em licitações e adulteração de medicamentos.
Farmacêutica Larissa Pereira também é presa.
13 de abril
Mulher e dois filhos de Ildeu prestam depoimento ao Ministério Público.
MPE pede à Vigilância Sanitária Estadual para fazer inspeção no depósito do laboratório Hipolabor, no Bairro Aarão Reis.
14 de abril
Inspeção no laboratório da empresa constata irregularidades.
Farmacêutica Larissa Pereira é ouvida no Ministério Público.
A Hipolabor Farmacêutica é interditada a pedido do Ministério Público.
15 de abril
Secretaria Estadual de Saúde (SES) anuncia suspensão das vendas dos medicamentos da Hipolabor por 90 dias, para que sejam feitas análises dos produtos.
Depósito da empresa é interditado por falta de licença para funcionamento e do alvará especial para estocagem de medicamentos controlados.
21 de abril
Sócios e farmacêutica são liberados da cadeia
27 de abril
MPMG tenta recusos para retomar as investigações e prisões