Encostando com uma cadeira no portão de entrada do Instituto Médico Legal (IML), Horácio (nome fictício) recebe as pessoas que querem entrar no estabelecimento como se fosse o porteiro das instalações. Na verdade, seu interesse é outro. Horácio busca pessoas ainda abaladas emocionalmente com a perda de seus parentes para vender-lhes velórios e enterros. Trabalha para uma das sete empresas do ramo funerário que orbitam o IML. Entre seus serviços está também a liberação do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (Dpvat). Mas as negociações não se dão ali no portão. Ele leva os interessados até o seu estabelecimento, a dois quarteirões de distância.
Mande seu relato sobre abusos de funerárias para a comunidade Morte S/A
A Rua Cecildes Moreira de Faria, bem atrás do terreno do IML, no Bairro Nova Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, concentra vários portões, rampas de garagem e entradas onde funcionam estabelecimentos funerários. Para olhos destreinados, a confusão de coroas de flores, arranjos coloridos, carros fúnebres e imagens de santos atrapalha distinguir onde começam e terminam as empresas. Horácio leva até uma delas, atrás de portas de vidro escuro.
No escritório, entre fileiras de caixões empilhados e mostruários com vestidos e ternos para os mortos, dois homens negociam os serviços. “Temos um serviço padrão, a partir de R$ 850, com caixão, preparação do corpo, flores, coroa, tudo direitinho”. Ao serem informados de que o serviço requerido precisaria da liberação do Dpvat, isso os interessou mais. “Vocês terão direito a tudo que escolherem para o funeral e isso fica por conta de uma empresa financeira que é nossa parceira. Depois descontamos os custos do Dpvat. Nossa taxa de liberação é de 20% do seguro, que dá R$ 2.700”, afirma.
Conselhos Na saída do serviço funerário, Horácio se oferece para descer com os clientes de volta ao IML. No caminho, acaba dando conselhos diferentes dos seus patrões. “Gosto de vender meu serviço. Mas, se fosse para eu fazer pelo seguro, não fazia. Arrumava um cheque ou um cartão de crédito”. O conselho surpreendente tem um motivo que as empresas e escritórios de advocacia não deixam claro. “Acho que pedem muito dinheiro. O processo é lento e é um negócio que de repente a casa cai. Se puxar lá e (a vítima) tiver um filho que você não sabe ou morou um tempo com uma mulher, pronto, entra pepino no meio. Já entra problema. Eles podem requerer a indenização e aí, como é que você vai pagar aquilo que já gastou?”, pondera.
Em meio à conversa, Horácio revela que a empresa para a qual trabalha tem sua sede no Rio de Janeiro, mas atua também em Brasília, São Paulo e Goiás. “A gente só muda de nome. Fazemos uma média de 10 pedidos de liberação de Dpvat por dia na Grande BH”. Ao retornar de volta a seu banco confortável, encostado no portão do instituto, o homem revela por que os outros agentes de funerárias não estão lá com ele. “Dia de quinta-feira eles rodam no rabecão. Dentro do rabecão roda agente funerário. Os detetives ganham para conseguir clientes nas funerárias, em vez de entregar no IML. A polícia apresenta eles como se fossem do serviço de assistência social. O pessoal (vítimas) está de cabeça ruim com a morte. Aí eles falam para confiar. Como você não confia?”, questiona.
SAIBA MAIS
Três anos para pedir benefício
O Seguro Dpvat indeniza vítimas de danos causados por veículos automotores em vias terrestres e seus recursos vêm de um fundo mantido pelo pagamento anual dos motoristas do seu imposto específico. O prazo para dar entrada no pedido é de três anos, contados da data em que ocorreu o acidente, e pode ser feito em agências cadastradas. É necessário reunir o registro da ocorrência, certidão de óbito ou auto de necropsia do IML, carteira de identidade e CPF da vítima. No caso do beneficiário, os documentos podem variar de acordo com a relação de parentesco e o tipo de acidente. Mais informações no site www.dpvatseguro.com.br.
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A Rua Cecildes Moreira de Faria, bem atrás do terreno do IML, no Bairro Nova Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, concentra vários portões, rampas de garagem e entradas onde funcionam estabelecimentos funerários. Para olhos destreinados, a confusão de coroas de flores, arranjos coloridos, carros fúnebres e imagens de santos atrapalha distinguir onde começam e terminam as empresas. Horácio leva até uma delas, atrás de portas de vidro escuro.
No escritório, entre fileiras de caixões empilhados e mostruários com vestidos e ternos para os mortos, dois homens negociam os serviços. “Temos um serviço padrão, a partir de R$ 850, com caixão, preparação do corpo, flores, coroa, tudo direitinho”. Ao serem informados de que o serviço requerido precisaria da liberação do Dpvat, isso os interessou mais. “Vocês terão direito a tudo que escolherem para o funeral e isso fica por conta de uma empresa financeira que é nossa parceira. Depois descontamos os custos do Dpvat. Nossa taxa de liberação é de 20% do seguro, que dá R$ 2.700”, afirma.
Conselhos Na saída do serviço funerário, Horácio se oferece para descer com os clientes de volta ao IML. No caminho, acaba dando conselhos diferentes dos seus patrões. “Gosto de vender meu serviço. Mas, se fosse para eu fazer pelo seguro, não fazia. Arrumava um cheque ou um cartão de crédito”. O conselho surpreendente tem um motivo que as empresas e escritórios de advocacia não deixam claro. “Acho que pedem muito dinheiro. O processo é lento e é um negócio que de repente a casa cai. Se puxar lá e (a vítima) tiver um filho que você não sabe ou morou um tempo com uma mulher, pronto, entra pepino no meio. Já entra problema. Eles podem requerer a indenização e aí, como é que você vai pagar aquilo que já gastou?”, pondera.
Em meio à conversa, Horácio revela que a empresa para a qual trabalha tem sua sede no Rio de Janeiro, mas atua também em Brasília, São Paulo e Goiás. “A gente só muda de nome. Fazemos uma média de 10 pedidos de liberação de Dpvat por dia na Grande BH”. Ao retornar de volta a seu banco confortável, encostado no portão do instituto, o homem revela por que os outros agentes de funerárias não estão lá com ele. “Dia de quinta-feira eles rodam no rabecão. Dentro do rabecão roda agente funerário. Os detetives ganham para conseguir clientes nas funerárias, em vez de entregar no IML. A polícia apresenta eles como se fossem do serviço de assistência social. O pessoal (vítimas) está de cabeça ruim com a morte. Aí eles falam para confiar. Como você não confia?”, questiona.
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Três anos para pedir benefício
O Seguro Dpvat indeniza vítimas de danos causados por veículos automotores em vias terrestres e seus recursos vêm de um fundo mantido pelo pagamento anual dos motoristas do seu imposto específico. O prazo para dar entrada no pedido é de três anos, contados da data em que ocorreu o acidente, e pode ser feito em agências cadastradas. É necessário reunir o registro da ocorrência, certidão de óbito ou auto de necropsia do IML, carteira de identidade e CPF da vítima. No caso do beneficiário, os documentos podem variar de acordo com a relação de parentesco e o tipo de acidente. Mais informações no site www.dpvatseguro.com.br.
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