Os escritórios de advocacia que enviam funcionários para espreitar clientes na porta dos prontos-socorros e do Instituto Médico Legal (IML), se valendo do desespero de quem perdeu um familiar para abocanhar parte do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT), estão na mira da Ordem dos Advogados do Brasil Minas (OAB-MG) Segundo o presidente da entidade, Luís Claudio Chaves, a prática de “laçadores”, como ele descreve, é criminosa, pois envolve fraude de documentos, falsidade ideológica, formação de quadrilha, exercício ilegal de atividade e constrangimento ilegal, além de ser antiética“A OAB repudia issoVou pedir pessoalmente ao chefe da Polícia Civil que investigue e nos ajude a identificar esses supostos advogados para que cessem com a atividade ilegal”, afirma.
Desde o domingo, o Estado de Minas mostra como age em Belo Horizonte uma indústria macabra que lucra com a morte e a dor das famíliasOs esquemas contam com o disfarce de algumas funerárias em hospitais e participação, segundo trabalhadores do setor e parentes de mortos, de policiais e até médicos No caso dos laçadores, a OAB informa que desconhecia a sua atuação nos hospitais e no IML“Eles eram mais comuns na Justiça do Trabalho, oferecendo serviços para quem ia se queixar das relações trabalhistasO advogado não pode oferecer seus serviçosEle tem de ser procurado”, disseAs sanções disciplinares por ferir a ética da profissão vão de advertência, suspensão a exclusãoSe forem constatados os crimes de fraude, falsidade ideológica, formação de quadrilha, exercício ilegal de atividade profissional e constrangimento ilegal, as penas são de reclusão de quatro a 15 anos.
Chaves ainda alerta para a possibilidade de esses agentes não serem advogados de verdade
Denúncias Ontem, o delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida da Polícia Civil, fez um pedido às pessoas que foram abordadas por policiais do transporte de corpos ao IML para que denunciem aqueles que oferecerem desviar o corpo para as funeráriasAo EM, a família do rapaz Marcos Vinícius, de 30, assassinado na manhã de anteontem, garantiu ter sido abordada não só por funcionários da Funerária Santa Casa no Hospital Odilon Behrens, mas também por um policial civil do rabecão“Ele disse que iria arrumar um plano espetacular para a genteAí minha filha desconfiou e disse que não precisavaEle já ganha para ser policial, não pode oferecer serviço funerário”, reclamou Maria do Rosário, mãe de Marcos Vinícius.
O assédio de um agente de funerária nas instalações do Hospital Odilon Behrens, foi o suficiente para fazer com que a depiladora Viviane Benedita Santos, de 25 anos, esquecesse do plano funerário da mãe dela, que morreu anteontem no hospital“Fomos abordados por um funcionário da funerária que já foi nos falando em preços de velórios, nos mostrando um catálogo com caixões e coroas de floresFicamos tão abafados que não lembramos do plano”O esquecimento custou R$ 1.080O Odilon Behrens informou que os parentes foram alertados de que não há exclusividade do serviço funerário na instituição e que policiais não têm permissão para oferecer serviços nas suas dependênciasProcurada, a Santa Casa não se retornou os contatos.
Repercussão
Leitores comentam no em.com.br
Onde anda o Ministério Público que não atua com dedicação nestes casos?
Flávio Edmundo
Na capital a coisa é séria, basta comparecer a hospitais ou até ao IML.
Rui Honorato Silva
Isso sempre existiu, só não vê quem não quer
Renato Sérgio Simim