No Centro da capital, a espera pelo ônibus da linha 4988 (Sabará/BH) é tensa em ponto da Rua Rio de Janeiro. Às 16h, os passageiros tentam se alinhar no estreito abrigo. Várias filas paralelas são organizadas, algumas tão longas que dobram quarteirão. “Prefiro perder dois ou três ônibus do que embarcar e ficar em pé”, lamenta Cristiana Oliveira, de 61 anos, que trabalha n Bairro Carmo.
A cena mostra por que BH ocupa a quarta posição em mobilidade urbana, ao lado de Salvador, de acordo com pesquisa da ONG Mobilize Brasil. O motivo de a cidade não ter um rendimento pior se deve ao fato de que 70% da frota têm acesso para deficientes, como elevadores. Na Rua Rio de Janeiro, o pipoqueiro Raimundo Pena, de 54, é testemunha de muitas brigas. “Tem gente que perde 40 minutos e até uma hora. Quando a fila anda, mais pessoas compram. É triste ver todos os dias tanta gente sofrendo para voltar para casa”, disse.
Dois pontos à frente, na Rua dos Caetés, tanto o 4988 quanto o 3503, já chegam com os assentos ocupados. Uma multidão corre e se aglomera nas portas dos dois veículos. A ânsia de embarcar e pegar um lugar menos congestionado dificulta o desembarque preferencial de mães com bebês de colo, grávidas, idosos e doentes.
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Abandono
A estrutura de concreto antiga e aberta, com chão de brita e terra, numa curva da Estrada do Gaia, em Sabará, parece mais um edifício abandonado do que uma rodoviária ou estação. Não fossem os ônibus da linha 4988, que ficam estacionados ali e pegam passageiros na rua em frente, o primeiro ponto da linha que mais transporta passageiros na Grande BH, é um pouco o retrato da precariedade no Centro Histórico da cidade e no corredor da Cristiano Machado até o Centro de BH. São 306.350 pessoas, mensalmente, que se sujeitam a um serviço onde um terço das calçadas com pontos são estreitas.
Num dos abrigos, antes do Bairro Nações Unidas, a reforma da MGC-262 enterrou o abrigo na brita e resíduos de asfalto revolvido.