Já a presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria lembra que existe relação direta entre o consumo de crack e a violência“Essa ligação com a violência acontece porque o indivíduo, ao fumar uma pedra de crack, ficacom mais ânsia e, muitas vezes, parte para o roubo e outros delitos, para conseguir ter acesso à droga”, diz a especialistaPara ela, o combate à epidemia do crack nos pequenos municípios vai além de ações de repressão nesses locais“É preciso investir mais na educação e reforçar o policiamento nas fronteiras, para não deixar a cocaína entrar no país”, diz.
Já a diretora da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (Abead), psiquiatra Carla Bicca, salienta que “está acontecendo interiorização do crack da mesma forma que aconteceu com outras drogasSó que seus efeitos são mais devastadores”Ela também lembra que as consequências da pedra da morte entre as pessoas de baixa renda são mais danosas porque as famílias não dispõem de recursos para encaminhar os viciados para centros de recuperação
Desespero
“O governo não está dando a atenção devida ao combate desse câncer terrível, chamado crack, que está se alastrando e destruindo adolescentes e jovens nas pequenas cidades”, afirma o juiz Isaías Caldeira Veloso, da Segunda Vara Criminal de Montes Claros, no Norte de Minas“Quase todos os dias sou procurado por mães desesperadas, que contam que sabem que os filhos viciados em crack vão morrer por causa da droga, pelas mãos de traficantes ou no mundo do crime, pois roubam para sustentar o vício” , diz o magistrado.
Veloso lembra que a pedra da morte também invade a zona rural de municípios pobres do Norte de Minas, como Itacambira e Botumirim“Acho que isso acontece porque a droga é mais barataÁs vezes, é mais fácil comprar uma pedra de crack do que uma garrafa de cerveja”, observa o juiz.