Jornal Estado de Minas

Saúde precária agrava atendimento a viciado em crack

Juliana Braga Larissa Leite
Brasília – Além do avanço do crack, o levantamento da Confederação Nacional dos Municípios apresenta os reflexos da dependência e produz um ranking dos setores mais afetados com os problemas relacionados ao crack
A saúde lidera a lista no Sudeste (65%) e destaca a falta de leitos, a carência de medicamentos específicos e a questão da transferência para internação e desintoxicação, sobretudo em cidades pequenasEm seguida, aparece a segurança (55,7%) e questões como aumento de furtos e roubos, violência doméstica e intrafamiliar, vandalismo e até assassinatosNo terceiro lugar do ranking está a assistência social (46,3%) e a falta de redes protetoras.

Os municípios brasileiros não têm estrutura para atender seus dependentes químicosEssa é uma das conclusões do levantamento, que mostra quadro assustador: somente 19% das cidades possuem centros de atenção psicossocial (Caps), responsáveis pelas internaçõesE apenas 12,4% contam com conselhos antidrogas, que cuidam das políticas de enfrentamento locaisSegundo a instituição, faltam políticas claras, incentivos e recursos dos governos estaduais e federal.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, aponta outra face preocupante da falta de estrutura para atender dependentes químicosSegundo ele, os Caps existentes são conduzidos de uma maneira inadequada“A maioria tem atendimento multisetorial, não é específico ao combate ao crack”, explica, referindo-se ao atendimento de pacientes com enfermidades mentaisA estrutura mais ausente nos municípios são os Centros de Referência Especializados da Assistência Social para a População em Situação de Rua“É onde a demanda cresce cada vez mais
São as pessoas que já estão caindo, matando e roubando”, detalha ZiulkoskiEles só existem em 1,6% das cidadesO serviço mais presente é o Conselho Tutelar (em 98,6% das cidades).