A perda da mãe aos 8 anos foi o primeiro revés na vida de Caio (nome fictício)
“Meu pai tentou me levar para o interior, onde ele trabalha numa fazenda de gadoMas eu queria mais que ser só vaqueiroSonhava com vida de ‘boy’ e achei que ia ser fácil chegar lá com a droga”, conta, detido numa unidade de internação provisória de Belo HorizonteRevoltado com a detenção, se diz arrependido
De cidadão a vítima
Dezenove horas da última sexta-feiraEstava prestes a atravessar a Rua Santa Rita Durão, na esquina com a Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH, quando uma mão pequena tocou minha orelhaMas não havia nada de afeto no atoUm grupo de cinco crianças acabava de levar meu celular, meu brinco e de me transformar em mais uma vítima da criminalidade infantilCom a ajuda de um motociclista e um policial, dois meninos foram detidos, sem o aparelhoNaquela hora, eles já não eram mais infratores: eram crianças chorosas, suplicando por liberdade.
Eu, cara a cara com eles, me tornava juíza do destino de Samuel e Pedro, de 10 e 11 anosRegistrar ou não a ocorrência? O policial, diante do que já era meu choro, junto com o dos meninos, pedia definiçãoEnquanto isso, os pequenos, moradores de aglomerados, contaram estar fora da escola, ter família desestruturada e juravam não voltar mais para a rua se fossem soltos